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O "novo" preço do boi gordo: Datagro e B3 anunciam indicador para pecuaristas

Indicador do boi será usado como referência na liquidação de contratos futuros, a partir de fevereiro de 2025

Engorda de gado nas Fazendas Reunidas Boi Gordo (foto/Site Exame)

Engorda de gado nas Fazendas Reunidas Boi Gordo (foto/Site Exame)

César H. S. Rezende
César H. S. Rezende

Repórter de agro e macroeconomia

Publicado em 9 de outubro de 2024 às 11h54.

A Datagro, uma das maiores consultorias agrícolas do país, possui, desde 2019, uma plataforma que monitora os preços do boi gordo em tempo real. Chamado Indicador do Boi, ele é calculado com base em informações coletadas de diversas fontes, incluindo negociações diretas entre produtores e frigoríficos, além de dados de mercado e análises regionais.

Foi nesse contexto que, nesta terça-feira, 8, a Bolsa Brasileira (B3) anunciou uma parceria para utilizar o Indicador da consultoria como referência na liquidação de contratos futuros, a partir de fevereiro de 2025.

Desde o final da década de 1980, a B3 utilizava o Indicador do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da USP/Esalq.

No mercado futuro, os contratos são acordados para entrega em uma data posterior, sem troca imediata de produto. No mercado físico, a transação é concluída com a troca imediata do produto por dinheiro.

O Indicador do Boi da Datagro é utilizado por pecuaristas, frigoríficos e produtores rurais para definir estratégias de venda e renegociar contratos. Investidores e traders também utilizam a plataforma como uma ferramenta para prever tendências de mercado e identificar oportunidades de lucro.

O instrumento é alimentado por dados de três mil pecuaristas e 120 frigoríficos, que voluntariamente fornecem informações como o número de animais abatidos, preços negociados, datas de transação e abate, além do prazo de pagamento e origem dos abates. Entre os fornecedores de dados estão grandes frigoríficos como JBS, Minerva, Marfrig e Barramansa.

O aplicativo cruza as informações fornecidas pelos produtores com dados coletados junto aos frigoríficos. “Todos os dados são auditados, com verificações entre o que é informado por pecuaristas e pela indústria”, afirma o head de pecuária da Datagro, João Otávio Figueiredo.

Segundo Figueiredo, apenas 40% do boi abatido no Brasil é "hedgeado" na bolsa, ou seja, essa proporção está protegida contra flutuações de preços. Hedge é uma estratégia de proteção que utiliza instrumentos financeiros, como derivativos, para reduzir o risco de perdas potenciais.

Os dados coletados pelo indicador devem, obrigatoriamente, incluir o número de animais do lote, preços da arroba negociada, data do negócio e do abate, prazo de pagamento, estados de origem e destino dos abates — todos os atributos envolvidos na negociação.

Indicador do Boi

A novidade, de acordo com o head de pecuária, é que o indicador foi automatizado por meio de um software novo que agora possibilita a integração entre diferentes sistemas.

O indicador reflete o preço médio ponderado do boi gordo, além das variações decorrentes de fatores sazonais, demanda interna, exportações e condições climáticas que afetam a pastagem.

Atualmente, o indicador recebe mais de um milhão de cabeças de animais reportados mensalmente em nível nacional, representando mais de 60% do rebanho bovinos no Brasil, em 14 estados.

No estado de São Paulo, a representatividade é semelhante, com uma amostra superior a 60% do abate no estado. Ainda que São Paulo ocupe o segundo lugar em nível de abate e processamento, os contratos futuros continuarão utilizando a praça paulista como referência, assim como era feito com o Cepea.

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