“Seu Zé Lopes”: “Sucessão garante a continuidade do crescimento e reforça a nossa governança” (Leandro Fonseca /Exame)
Repórter de agro e macroeconomia
Publicado em 28 de agosto de 2025 às 06h00.
Última atualização em 28 de agosto de 2025 às 07h32.
A Inpasa tem um novo presidente. Em agosto, José Odvar Lopes, fundador e CEO da empresa, assumirá a presidência do conselho, e quem assume a presidência executiva é Eder Lopes, seu filho e atual presidente da Inpasa no Paraguai.
Com perfil semelhante ao de seu pai — discreto e reservado —, o sucessor começou a se envolver gradualmente com os negócios no Brasil em janeiro, visando garantir uma “continuidade tranquila”, segundo Renato Teixeira, diretor de marketing e comunicação da Inpasa.
Em entrevista à EXAME, José Lopes compartilha os próximos passos da companhia, detalha os planos para o futuro e revela como a Inpasa pode expandir suas operações além do etanol de milho.
Por que deixar a posição de CEO em um momento tão positivo para a Inpasa?
A sucessão garante a continuidade do crescimento e reforça a nossa governança. Vou focar a estratégia no conselho, enquanto Eder assume a operação. Isso mantém nossa cultura e abre espaço para novos ciclos de expansão.
Como o senhor vê o processo de transição para a sucessão do cargo de CEO?
A sucessão é fruto de um planejamento cuidadoso e foi anunciada oficialmente em 1o de agosto de 2025: Eder Lopes assume como CEO e eu passo à presidência do conselho. Ele já era o presidente da Inpasa no Paraguai, onde começamos. E há bastante tempo ele já se envolve nas operações brasileiras para garantir uma transição tranquila. Vejo esse movimento como uma evolução natural da governança, que fortalece a empresa sem perder nossos valores de simplicidade, sustentabilidade, ética, inovação e foco em pessoas.
O que pretende desenvolver em sua nova posição?
No conselho, vou me concentrar em consolidar operações e avaliar novos projetos de expansão, como em SAF e biocombustíveis marítimos. A solidez construída até aqui me dá confiança de que a Inpasa seguirá avançando com responsabilidade e sustentabilidade.
Mas o que falta avançar em relação ao SAF?
O grande problema é a falta de mandato [de uso obrigatório de SAF]. A tecnologia já está controlada, mas o custo ainda é um pouco mais alto. Para fabricar o SAF não há problema técnico, a questão é o mandato. Quando houver um mandato, o SAF se tornará mais viável, mas atualmente o custo é mais alto.
Além do SAF, há planos de internacionalização? Quais movimentos a Inpasa tem feito a esse respeito?
Temos uma trajetória consolidada no mercado internacional, sendo exportadores desde o Paraguai. Recentemente, ampliamos nossa presença com a abertura de um escritório em Genebra, reforçando nossa atuação no mercado europeu. Nesse continente, já operamos com todo o nosso portfólio — etanol, DDGS e óleo vegetal — e seguimos com o objetivo de expandir nossas operações de trading, levando as vantagens competitivas dos nossos produtos a novos parceiros e mercados.
Quais são suas perspectivas para a empresa nos próximos cinco anos?
A bioenergia deve ganhar espaço com a transição energética e a necessidade de combustíveis de baixo carbono. Pretendemos ampliar nossa capacidade, explorar mercados emergentes e seguir inovando em economia circular, mantendo a Inpasa como referência em sustentabilidade e competitividade. Acabamos de inaugurar a unidade de Balsas, no Maranhão, já estamos com a unidade de Luís Eduardo Magalhães, na Bahia, em construção e oficializamos nosso interesse em Goiás, ainda em fase de negociação com o governo. Com a evolução da demanda do mercado, outras unidades poderão ser consideradas para o futuro.