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Milho em 2025: preços internos em alta, produção recorde e desafios no cenário externo

No Brasil, os preços do cereal no mercado spot estão acima dos registrados no início de 2024, enquanto o mercado futuro aponta cotações inferiores aos níveis atuais, diz Cepea

Colheita de milho (Freepik)

Colheita de milho (Freepik)

César H. S. Rezende
César H. S. Rezende

Repórter de agro e macroeconomia

Publicado em 6 de janeiro de 2025 às 10h35.

Última atualização em 6 de janeiro de 2025 às 14h06.

O ano de 2025 começa com cenários distintos para o mercado de milho nos âmbitos doméstico e externo. No Brasil, os preços do cereal no mercado spot estão acima dos registrados no início de 2024, enquanto o mercado futuro aponta cotações inferiores aos níveis atuais, segundo informações do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) divulgadas nesta segunda-feira, 6.

Na Bolsa de Chicago (CBOT), os contratos de milho apresentam valores menores do que os observados no começo de 2024 e não indicam sinais de recuperação significativa para 2025.

No mercado doméstico, a projeção de produção recorde na safra 2024/2025 é apontada como principal motivo para as cotações futuras mais baixas.

Segundo o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), o Brasil deve colher 127 milhões de toneladas de milho nesta temporada, enquanto a estimativa da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) é de 119,6 milhões de toneladas.

No mercado externo, os preços do milho nos Estados Unidos permanecem estáveis devido ao equilíbrio entre oferta e demanda interna. Porém, o país enfrenta um grande excedente de produção — os EUA devem produzir 384,6 milhões de toneladas na atual safra —, o que aumenta a dependência de exportações em volumes elevados para evitar estoques excessivos.

O desafio ocorre em um contexto de incertezas políticas, com o início do novo governo de Donald Trump, que pode influenciar as negociações comerciais e o cenário internacional.

Preços do milho e produção brasileira

Na visão do Cepea, o movimento de alta nas cotações no segundo semestre de 2024 nas principais regiões do Brasil pode atrair agricultores e resultar em aumento no plantio na segunda safra de 2025.

O cultivo mais acelerado das lavouras de verão, como a soja, abre a expectativa de semeadura da segunda safra de milho no período ideal.

A expectativa de maior produção vem acompanhada de estimativas que apontam para um consumo doméstico recorde, impulsionado principalmente pelo setor de proteína animal e pela expansão da indústria de etanol de milho no Brasil.

Um possível equilíbrio entre oferta e demanda pode ser alcançado com a redução das exportações, que tendem a ser limitadas pelo menor excedente disponível no mercado interno.

Acompanhe tudo sobre:MilhoSafra 2024/25

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