EXAME Agro

Apoio:

LOGO TIM 500X313

Mais peixes são cultivados do que capturados na natureza, diz pesquisa

Relatório da FAO mostra os desafios da aquicultura hoje e reforça a importância dos animais aquáticos para a segurança alimentar global

Segundo o relatório da FAO, o número de unidades populacionais pescadas de forma sustentável diminuiu 2% desde 2022 ( MatthewWilliams-Ellis/Envato)

Segundo o relatório da FAO, o número de unidades populacionais pescadas de forma sustentável diminuiu 2% desde 2022 ( MatthewWilliams-Ellis/Envato)

EXAME Solutions
EXAME Solutions

EXAME Solutions

Publicado em 12 de agosto de 2024 às 14h00.

Pela primeira vez na história, mais animais aquáticos consumidos pelas sociedades são cultivados do que capturados na natureza. O dado é do último relatório da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) “The State of World Fisheries and Aquaculture”, publicado este ano.

Segundo o levantamento, que é feito a cada dois anos com dados que a FAO coleta desde 1974, a aquicultura – que é a criação de organismos aquáticos como peixes, moluscos, crustáceos e plantas para consumo humano – cresceu 4,4% desde 2020. Atualmente, são cultivados 185,4 milhões de toneladas de animais aquáticos anualmente e 37,8 milhões de toneladas de algas, movimentando US$ 472 bilhões, um novo recorde. Hoje, a aquicultura representa 51% do total global de pescados consumidos.

Esses dados de crescimento da aquicultura não significam, no entanto, que os peixes selvagens estão a salvo. Segundo o relatório da FAO, o número de unidades populacionais pescadas de forma sustentável diminuiu 2% desde 2022, para 62% globalmente.

"A FAO celebra as conquistas significativas até agora, mas mais ações transformadoras e adaptativas são necessárias para fortalecer a eficiência, inclusão, resiliência e sustentabilidade dos sistemas alimentares aquáticos e consolidar seu papel no enfrentamento da insegurança alimentar, redução da pobreza e governança sustentável", disse o diretor-geral da FAO, QU Dongyu.

Animais aquáticos para a segurança alimentar

Sabe-se que os pescados são uma importante fonte de proteína animal para os seres humanos, fornecendo nutrientes relevantes como ômega-3, e que cerca de 600 milhões de pessoas dependem, pelo menos parcialmente, da pesca em pequena escala e da aquicultura para sua subsistência.

Já as pessoas que dependem de emprego direto nesses setores aumentaram em 4 milhões, para quase 62 milhões, desde o relatório de 2022. As mulheres representam 24% dos pescadores e piscicultores.

A questão é que, desde 1961, o consumo de animais aquáticos cresceu o dobro da taxa de crescimento da população mundial, e as estimativas apontam para um crescimento de mais 12% até 2032.

Hoje, a Ásia produz 70% dos pescados cultivados do mundo, sendo a China responsável por 36%. Atualmente, um pequeno número de países domina a aquicultura. Dez deles – China, Indonésia, Índia, Vietnã, Bangladesh, Filipinas, Coreia do Sul, Noruega, Egito e Chile – produzem mais de 89,8% do total. Dessa forma, mais de três quartos da força de trabalho global da pesca e da aquicultura está sediada na Ásia.

Como consequência do atual cenário, quase 90% dos estoques de peixes marinhos estão hoje totalmente explorados ou sobre explorados. A pesca ilegal representa 20% da captura global de peixes.

No entanto, quando se trata das 10 espécies de peixes mais pescadas, o quadro é um pouco melhor. Cerca de 79% delas foram pescadas dentro de níveis biologicamente sustentáveis, mais altos do que a média global, o que mostra que esses estoques são mais-bem administrados do que a maioria e que os esforços de conservação podem estar sendo eficazes, de acordo com o relatório. “É necessária uma ação urgente para replicar políticas bem-sucedidas e reverter tendências de sustentabilidade em declínio”, diz o relatório.

Ainda segundo a FAO, a aquicultura é chave para garantir a segurança alimentar da população, especialmente em países de baixa renda na África, Ásia, América Latina e Caribe. Só que isso precisa ser feito de forma sustentável.

Em maio deste ano, a FAO divulgou um conjunto de diretrizes de aquicultura sustentável para ajudar os países a lidarem com essas compensações.

Segundo o relatório, os alimentos aquáticos desempenharão um papel fundamental na mitigação dos impactos das mudanças climáticas, em parte porque a futura produção terrestre de alimentos terá dificuldades para fornecer segurança alimentar.

Acompanhe tudo sobre:branded-contentAlimentando o Planeta

Mais de EXAME Agro

Brasil e pecuaristas rechaçam anúncio do Carrefour de não comprar carne do Mercosul

Em meio a protestos, Carrefour anuncia que não comprará carne de países do Mercosul

Brasil e China fecham acordos que podem render mais de US$ 500 milhões ao agro brasileiro

Apicultoras peruanas desafiam mudança climática com fundos da ONU