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(Lavoro/Divulgação)
Repórter de agro e macroeconomia
Publicado em 3 de fevereiro de 2025 às 12h22.
Última atualização em 3 de fevereiro de 2025 às 12h29.
A distribuidora de insumos Lavoro registrou um prejuízo líquido de R$ 267,1 milhões no primeiro trimestre do ano fiscal de 2025 (de 1º de julho a 30 de setembro de 2024), ante um prejuízo de R$ 71 milhões no mesmo período do ano anterior, informou a companhia nesta segunda-feira, 3.
Segundo a empresa, o aumento foi impulsionado por um impacto negativo de R$ 152,1 milhões em ativos fiscais diferidos e pelo acréscimo de R$ 60,7 milhões nos custos financeiros.
“Processos de recuperação judicial, incluindo o de um grande varejista agrícola, intensificaram a aversão ao risco entre fornecedores e instituições financeiras, resultando em um aperto significativo nas condições de financiamento de estoques para a Lavoro e outras empresas do setor”, afirmou o CEO, Ruy Cunha, em comunicado.
Durante uma call com acionistas, Cunha anunciou que cerca de 70 lojas serão fechadas no Brasil por razões mercadológicas e sobreposição em determinadas regiões, o que deve impactar em 10% as vendas do negócio em distribuição no país — a Lavoro tinha 187 lojas no Brasil.
Diante dos desafios enfrentados, a Lavoro revisou sua projeção para o ano fiscal de 2025 e agora estima uma receita consolidada entre R$ 6,5 bilhões e R$ 7,5 bilhões, abaixo das expectativas anteriores — além disso, a companhia não prevê mais crescimento no Ebitda ajustado para o ano.
Para mitigar os impactos, o CEO destacou que outras medidas de contenção de custos já estão sendo implementadas e devem gerar resultados a partir do segundo semestre de 2025. “As iniciativas de redução de custos mencionadas na última teleconferência, como a otimização da rede de varejo e a racionalização de custos fixos, já estão em andamento”, afirmou Cunha.
A receita consolidada da Lavoro caiu 13% em reais, totalizando R$ 2,05 bilhões, refletindo a deflação dos preços de insumos no Brasil e as dificuldades de liquidez do setor. Em dólares, a queda foi ainda mais expressiva, de 24%, para US$ 370,2 milhões, impactada também pela desvalorização do real frente ao dólar.
Apesar do recuo na receita, a margem bruta da companhia cresceu 3,2 pontos percentuais, atingindo 15,6%, impulsionada por melhores condições de distribuição no varejo agrícola. O lucro bruto aumentou 10%, chegando a R$ 321,2 milhões, embora, em dólares, tenha registrado queda de 4%, totalizando US$ 57,9 milhões.
O Ebitda ajustado recuou 5% em reais, somando R$ 54,4 milhões, pressionado pelo aumento das despesas operacionais, como custos com pessoal e provisões para inventário vencido.
Entre os segmentos, o Crop Care foi o destaque positivo, com crescimento de 68% na receita, atingindo R$ 293,7 milhões, impulsionado pelo bom desempenho das subsidiárias Union Agro e Perterra.
Por outro lado, o varejo agrícola no Brasil sofreu uma queda de 23% na receita, impactado por dificuldades no financiamento de estoques e restrições de crédito ao setor.