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Inpasa anuncia investimentos de R$ 9 milhões em Campinas em nova fase de governança

Estrutura terá como foco a centralização de serviços administrativos, como finanças, controladoria, contabilidade, jurídico e atendimento interno

 (Inpasa/Divulgação)

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César H. S. Rezende
César H. S. Rezende

Repórter de agro e macroeconomia

Publicado em 14 de julho de 2025 às 09h00.

A Inpasa, biorrefinaria de etanol de grãos, anunciou um investimento de R$ 9 milhões no novo Centro de Serviços Compartilhados (CSC), localizado em Campinas, no interior de São Paulo. A informação foi dada com exclusividade à EXAME nesta segunda-feira, 14.

A estrutura, que entrará em operação plena nos próximos dias, terá como foco a centralização de serviços administrativos, como finanças, controladoria, contabilidade, jurídico e atendimento interno.

"Ao implementar um CSC, buscamos aumentar a eficiência, garantir rastreabilidade nos processos e identificar pontos de ineficiência. Isso é fundamental para a companhia", afirma Fernando Zioli Alfini, vice-presidente de Gestão e Finanças da Inpasa, em entrevista à EXAME.

Segundo Alfini, a escolha de Campinas não foi aleatória. A Inpasa contratou uma consultoria para a instalação do CSC e, entre as opções de Americana, Bauru e Piracicaba, Campinas foi a escolhida.

"Precisávamos de uma região com boa disponibilidade de mão de obra qualificada. Com base nas variáveis que solicitamos, Campinas foi a escolhida. A cidade é estratégica", afirma o executivo.

A Inpasa faz parte do grupo Industria Paraguaya de Alchoholes S.A (nome que originou a sigla Inpasa). A empresa desembarcou no Brasil em 2019, e abriu a primeira fábrica em Sinop, no Mato Grosso.

Com a planta, a empresa já conta com cinco usinas no Brasil — em 2026, mais uma biorrefinaria, de Luís Eduardo Magalhães, na Bahia, ficará pronta.

Em Sinop, a unidade industrial detém a maior produção de etanol de milho do mundo, com mais de 4,6 milhões de toneladas do cereal e 2,1 bilhões de litros do biocombustível.

Com uma produção diária de aproximadamente 16 milhões de litros de etanol — o equivalente a 5,8 bilhões de litros ao ano —, a Inpasa responde por cerca de 17% da produção nacional do biocombustível, segundo dados da União Nacional do Etanol de Milho (Unem) e da Sociedade de Consultoria em Agronegócio (SCA Brasil).

Após um 2024 de aceleração de investimentos — foram quase R$ 5 bilhões —, a estratégia para este ano é consolidar os aportes já feitos, como na planta de Balsas, no Maranhão, prevista para estrear em agosto.

Em 2024, a empresa obteve uma receita bruta de R$ 14,9 bilhões. Além disso, a margem EBITDA ficou em 30%, com uma geração de caixa operacional de R$ 1,8 bilhão.

Etanol de milho

A estrutura de Campinas faz parte de uma estratégia de modernização da Inpasa, iniciada em meados de 2024. O objetivo é posicionar a companhia, fundada por José Odvar Lopes, em uma nova fase de governança.

Nesse processo, Rafael Ranzolin, que ocupou por seis anos o cargo de vice-presidente da empresa no Brasil, e Daniel Sarmento, da área comercial, deixaram a companhia.

Segundo Alfini, o centro de Campinas será organizado com processos padronizados e fundamentados em metodologias de melhoria contínua, como o ciclo PDCA (planejar, fazer, verificar, agir) — algumas áreas funcionarão 24 horas por dia, para garantir mais eficiência e agilidade.

Além da presença física, o espaço contará com interfaces digitais de atendimento, como aplicativo móvel, totens de autoatendimento e plataforma via computador, com o intuito de otimizar a experiência de usuários internos e externos.

Com previsão de faturamento de R$ 23 bilhões em 2025, Alfini destaca que a Inpasa tem aprimorado seus processos de governança para acompanhar sua evolução.

"Desde a criação de comitês de CAPEX e de investimentos até o aprimoramento dos nossos portais, que garantem o acesso dos stakeholders, estamos trabalhando para monitorar nossos processos internos de maneira mais assertiva", afirma.

Além dessas iniciativas, a companhia avalia a criação de um conselho consultivo para fortalecer ainda mais a governança da empresa.

"Esse processo de implantação e aprimoramento tem sido conduzido de maneira contínua", diz o executivo.

Em maio, a Inpasa foi certificada para fornecer matérias-primas para a produção de combustível sustentável de aviação (SAF, na sigla em inglês).

Segundo José Odvar Lopes, CEO da empresa, a meta da Inpasa é estar presente em toda a cadeia de produção do etanol e criar valor para os subprodutos do processo, em um momento em que o Brasil e o mundo buscam alternativas para se descarbonizar.

Os próximos passos da Inpasa incluem o desenvolvimento de biocombustíveis avançados, como o bioquerosene, projetado para atender à crescente demanda do setor de aviação por soluções mais limpas e sustentáveis.

Segundo Gustavo Mariano, vice-presidente de Trading da companhia, a diversificação é vista como um pilar estratégico para o futuro do portfólio energético da Inpasa, especialmente em um cenário de turbulência geopolítica e guerra comercial, capitaneada pelos Estados Unidos.

Mariano observa que o foco também será voltado para mercados emergentes, particularmente na Ásia e na África, onde a demanda por biocombustíveis cresce à medida que esses países buscam alternativas mais sustentáveis para suas matrizes energéticas.

"Estamos trabalhando para fortalecer nossa presença na Europa, onde as políticas de descarbonização têm impulsionado a demanda por etanol e biocombustíveis", afirma Mariano.

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