EXAME Agro

Apoio:

LOGO TIM 500X313
GOV. MT 500X313
Logo Engie preto
btgpactual-advisors_fc7f32

Guerra na Ucrânia transforma comércio agrícola de US$ 120 bi

A guerra iniciada pela Rússia tumultuou o comércio mundial de grãos, que movimenta US$ 120 bilhões.

Crop sprayer in field aerial view - Captured by a licensed UAV operator with a permission for aerial work. (Getty Images/Getty Images)

Crop sprayer in field aerial view - Captured by a licensed UAV operator with a permission for aerial work. (Getty Images/Getty Images)

B

Bloomberg

Publicado em 5 de abril de 2022 às 21h49.

Por Megan Durisin, Pratik Parija e Irina Anghel, da Bloomberg

No cinturão agrícola da Ucrânia, os silos estão abarrotados com 15 milhões de toneladas de milho da safra de outono. O alimento deveria estar chegando aos mercados mundiais.

Esses estoques representam aproximadamente metade do que a Ucrânia deveria exportar nessa temporada, mas está cada vez mais difícil fazer o milho chegar aos compradores. A guerra iniciada pela Rússia tumultuou o comércio mundial de grãos, que movimenta US$ 120 bilhões.

Esse mercado que já estava abalado por gargalos nas cadeias de suprimentos, encarecimento dos fretes e eventos climáticos agora se prepara para mais turbulência. Ucrânia e Rússia juntas respondem por um quarto do comércio global de grãos e as entregas por esses países estão cada vez mais complicadas, ameaçando causar escassez de alimentos.

A Ucrânia é uma das maiores exportadoras mundiais de milho, trigo e óleo de girassol. O escoamento desses produtos está em grande parte paralisado. As exportações de grãos caíram para 500.000 toneladas por mês, comparado a 5 milhões de toneladas antes da guerra, o que representa perda de US$ 1,5 bilhão, segundo dados oficiais. Os produtos agrícolas da Rússia — líder global na exportação de trigo — ainda estão sendo escoados, mas há dúvidas sobre entregas e pagamentos por cargas futuras.

Os preços dispararam com as interrupções nos fluxos de grãos e oleaginosas — alimentos essenciais para pessoas e animais em todo o mundo. Países que se veem diante da perspectiva de faltar comida tentam encontrar fornecedores alternativos e novos acordos comerciais estão surgindo.

A Índia tradicionalmente mantinha sua gigantesca produção de trigo no mercado doméstico por meio de um mecanismo de preço. Agora, o país está distribuindo quantias recordes por toda a Ásia. As exportações de trigo pelo Brasil no primeiro trimestre ultrapassaram de longe o volume vendido para o exterior durante todo o ano passado. Cargas de milho dos EUA estão chegando à Espanha pela primeira vez em cerca de quatro anos. O Egito estuda trocar fertilizantes por grãos da Romênia e negocia trigo com a Argentina.

Esses esforços todos podem não bastar, segundo Dan Basse, presidente da firma de pesquisas agrícolas AgResource. “Podemos mover as peças do tabuleiro hoje”, mas haverá problemas se o conflito se prolongar até o verão no Hemisfério Norte, quando as exportações de trigo do Mar Negro historicamente se aceleram. “É quando o mundo começará a enfrentar escassez”, afirmou Basse.

Com o choque da guerra, os contratos futuros de milho e trigo em Chicago acumulam alta de mais de 20% desde o início do ano.

Os preços dos alimentos já estão em patamar recorde e a Organização das Nações Unidas alertou que podem subir mais 22%. Uma grande queda nas exportações do Mar Negro pode deixar mais 13,1 milhões de pessoas desnutridas, segundo a ONU, agravando a fome em um mundo que ainda sofre com os efeitos da pandemia.

Comércio no Brasil

O Brasil é importador líquido de trigo, mas a expectativa é que as exportações do produto atinjam o maior volume em uma década. O baixo nível das hidrovias na Argentina dificultou o escoamento e desviou demanda para o Rio Grande do Sul. A colheita abundante, o real desvalorizado e o atraso da safra de soja favorecem as vendas de trigo brasileiro, explicou Walter Von Muhlen Filho, trader da Serra Morena Commodities.

A exportação de trigo pelo Brasil no primeiro trimestre provavelmente chegou a 2,1 milhões de toneladas, quase o dobro de todo o volume embarcado em 2021. Turquia, África do Sul e Sudão receberam trigo brasileiro pela primeira vez em pelo menos quatro anos, segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior.

Acompanhe tudo sobre:AgronegócioComércioExame-AgroGuerrasSafras agrícolas

Mais de EXAME Agro

Como a agricultura regenerativa pode ajudar na descarbonização do planeta

Produção de etanol de milho deve atingir 15 bilhões de litros no Brasil até 2032, aponta Nature

La Niña deve chegar em outubro no Brasil; entenda o que é e como o país pode ser afetado

Após renúncia de executivos, Agrogalaxy entra com pedido de recuperação judicial