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Grupo paranaense investe R$ 200 milhões para construir o maior bioduto de longa distância do país

Em entrevista ao Agro em Pauta da EXAME, Carlos Eduardo Hammerschmidt, vice-presidente do grupo, revelou que a empresa firmou uma parceria com a Compagas para a realização da obra

César H. S. Rezende
César H. S. Rezende

Repórter de agro e macroeconomia

Publicado em 25 de julho de 2025 às 11h09.

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Após anunciar a ampliação de sua planta de biodiesel para 2026, o Grupo Potencial, empresa paranaense de biocombustíveis, se prepara para construir o maior bioduto de longa distância do Brasil.

Em entrevista ao programa Agro em Pauta da EXAME, Carlos Eduardo Hammerschmidt, vice-presidente do grupo, revelou que a empresa firmou uma parceria com a Companhia Paranaense de Gás (Compagas) para a realização da obra e que cerca de R$ 200 milhões serão investidos.

"Vamos construir um duto dedicado de gás de 55 km. A vantagem é que isso permitirá incluir o biodiesel no pool das distribuidoras", afirmou o executivo.

O Grupo Potencial é o maior produtor de biodiesel em planta única da América Latina, com capacidade de produção aproximada de 1 bilhão de litros por ano. Atualmente, 15% da soja do Paraná passa indiretamente pela empresa.

Em 2024, a companhia registrou um aumento de 22% no faturamento e alcançou R$ 10,4 bilhões. A expectativa é que, com a expansão da planta e o novo projeto do bioduto, esse valor chegue a R$ 15 bilhões em 2027.

Segundo o executivo, o bioduto passará pelos municípios paranaenses da Lapa, Contenda e Araucária — o último, um dos maiores polos industriais do Brasil.

Em Araucária, está localizada a Repar, refinaria da Petrobras, considerada a maior da região Sul do país.

O polo de Araucária abriga diversas bases de combustíveis que operam na região. "O duto atenderá esse polo, incluindo as bases da Vibra, Ipiranga e Raízen, além da base SADIP, do Grupo Potencial", disse o executivo.

Lei do Combustível do Futuro

A investida da companhia ocorre em um momento oportuno, diz Hammerschmidt. Segundo ele, a aprovação da Lei do Combustível do Futuro no ano passado e a entrada da mistura do B15 e do E30 proporcionam mais previsibilidade para o agro e o empresariado.

Segundo a Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), o consumo de soja no país deverá aumentar de 6 milhões de toneladas em 2024 para 11,1 milhões de toneladas em 2030 o crescimento também impactará a projeção de esmagamento de soja, que passará de 31 milhões de toneladas em 2024 para 55,8 milhões de toneladas em 2030.

“O empresário precisa de previsibilidade econômica. Sem isso, os projetos não avançam. Ninguém investe em imprevisibilidade”, afirma.

Na avaliação de Hammerschmidt, a implementação dessas novas misturas a partir de 1º de agosto trará um melhor planejamento estratégico para os produtores.

O B15 e o E30 representam as novas proporções de biocombustíveis misturados ao diesel e à gasolina, respectivamente. O B15 consiste em uma mistura de 15% de biodiesel no diesel, enquanto o E30 é composto por 30% de etanol na gasolina.

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