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Gripe aviária: casos crescem no Brasil, mas não afetam produção de carne e ovos

Maioria das contaminações é em animais silvestres. Em agosto, há 10 novos registros e outros cinco em investigação

Frangos (Kalinovskiy/Getty Images)

Frangos (Kalinovskiy/Getty Images)

Da Redação
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Redação Exame

Publicado em 22 de agosto de 2023 às 13h38.

Última atualização em 22 de agosto de 2023 às 13h38.

Apesar de o Brasil ter registrado o maior número de novos casos de gripe aviária nas últimas três semanas, o governo federal e a indústria garantem que não há motivos para preocupação, pois as contaminações não afetam a produção de carne de frango e ovos.

O Ministério da Agricultura já contabiliza 84 registros no ano – 82 em aves silvestres e 2 em aves de subsistência, ou seja, de criação doméstica. As notificações começaram em maio (13 casos) e avançaram em junho (44) e julho (17). Em agosto, são 10 até esta segunda-feira, 21, mas ainda há cinco investigações em andamento.

O recente embargo dos produtos avícolas brasileiros pelo Japão, que já foi revertido, é usado como um exemplo por governo e indústria de que os casos da doença não comprometem a credibilidade e os negócios internacionais. “No Brasil, houve predominantemente registros em aves silvestres, e concentrado, em sua grande maioria, em áreas litorâneas. O país nunca registrou casos da enfermidade em sua produção comercial, e assim segue”, enfatiza Ricardo Santin, presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA).

Apesar disso, segundo ele, o setor está atento e mobilizado para evitar qualquer perigo. “As agroindústrias e produtores de todo o país elevaram ainda mais os protocolos de biosseguridade. Uma ampla campanha está em campo, com orientações detalhadas para preservar a produção, com adoção de medidas como a suspensão de visitas às unidades produtoras de pessoas alheias ao setor”, explicou o dirigente.

Transparência no radar

Pesquisador do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), Thiago Bernardino de Carvalho pontua que o mercado nacional não foi afetado até agora, mas destaca a importância de o setor comunicar de forma transparente os protocolos de segurança adotados e os riscos.

“Quando houve a gripe suína, muita gente ficou em dúvida sobre comer a carne de porco. Por isso, é preciso trazer clareza sobre a transmissão e o controle rígido para prevenir a contaminação das aves comerciais”, ressalta.

Apesar disso, ele pontua que o consumo de carne de frango também é influenciado por outros fatores, especialmente o preço mais acessível. “Se a carne de frango estiver barata, a população vai consumir. O fator econômico anda em conjunto com o sanitário”, salienta.

Quais são os riscos?

Nelva Grando, médica-veterinária e especialista em sanidade avícola, explica que a gripe aviária não é transmitida através do consumo de carne ou ovo. “O único risco de contaminação é se houver um contato muito próximo entre uma ave doente e um ser humano”, explica.

Ela ainda afirma ainda que, ao contrário do coronavírus, não há evidências de que a gripe aviária possa ser transmitida entre as pessoas. “Durante todos esses anos de estudo, esse tipo de transmissão nunca foi identificado”, destaca.

Apesar dos novos casos, Nelva observa que os dados referentes a julho e agosto sinalizam uma tendência de redução nas notificações. “Como nunca havíamos detectado o vírus no Brasil, o risco é maior em relação aos anos anteriores. Mas a maioria das notificações se deu em aves silvestres em áreas de costa. Além disso, o país vem se preparando para prevenir problemas relacionados à doença desde 2007, quando foi publicada a primeira instrução normativa com os cuidados mínimos de biosseguridade”, pontua.

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