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Repórter de agro e macroeconomia
Publicado em 18 de junho de 2025 às 06h01.
Após 28 dias de bloqueio sanitário, o setor de carne de frango brasileiro se prepara para retomar as exportações da proteína e seus derivados.
A partir desta quarta-feira, 18, o Brasil voltará a negociar com os 21 países que haviam imposto restrições comerciais após a confirmação de um caso de gripe aviária em Montenegro, no Rio Grande do Sul, em 19 de maio.
Durante esse período, 21 países suspenderam totalmente as importações, com destaque para a China, principal comprador, enquanto outros 15 limitaram as restrições apenas ao estado gaúcho.
Mesmo com as suspensões, o governo brasileiro seguiu negociando com os países para reduzir os entraves à carne de frango. Como resultado, apenas o México flexibilizou as restrições, limitando-as ao estado do Rio Grande do Sul.
Apesar das suspensões, o Brasil continuou exportando carne de frango e seus derivados para diversos mercados. Em maio, os embarques da proteína registraram uma queda de 12,9%, totalizando 393,4 mil toneladas, segundo dados da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA).
Com o fim do vazio sanitário, Ricardo Santin, presidente da ABPA, estima uma aceleração pontual das exportações para compensar o período de interrupção. No entanto, uma avaliação mais detalhada sobre o impacto nas projeções para este ano só será possível após julho.
De janeiro a maio, o volume exportado atingiu 2,256 milhões de toneladas, um aumento de 4,8% em relação ao mesmo período de 2024.
"Mesmo com as suspensões, as exportações de carne de frango superaram as expectativas do setor nos primeiros cinco meses do ano, mantendo a perspectiva de um fechamento positivo para 2025", afirma Santin.
Em entrevista à EXAME, Santin compartilha a perspectiva do setor para a retomada dos embarques e discute como será o período de negociações.
Leia a entrevista completa:
Com o fim do vazio sanitário, as exportações de produtos avícolas serão retomadas para os países que haviam suspendido os embarques devido à gripe aviária. Qual é a expectativa do setor em relação a essa retomada? O processo deve ocorrer de forma gradual e lenta?
Cada mercado tem suas próprias regras e ritmo de negociação. Vejam o caso do México: antes mesmo do término dos 28 dias, já havia aberto suas fronteiras, com exceção das importações provenientes do Rio Grande do Sul. Por outro lado, há mercados, como China e outras nações da Ásia, que possuem regras distintas e questões adicionais, tornando a negociação mais complexa. Há ainda a situação da União Europeia, devido ao acordo sanitário que estava em vigor. A partir desta quarta-feira, o processo de normalização deverá ser agilizado. Fato é que o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, juntamente com os secretários Luis Rua e Carlos Goulart, estão envidando enormes esforços para restabelecer a normalidade. O setor também está empenhado, apoiando este processo.
A ABPA tem alguma estimativa sobre as perdas do setor durante os 28 dias de suspensão das exportações de carne de frango e derivados?
A princípio, os indicadores diretos estão relacionados aos menores níveis de exportação registrados nos mercados onde ocorreram as suspensões, que são temporárias. Houve redirecionamento das cargas para outros destinos, e o saldo mensal ficou apenas 12,9% menor em relação ao mesmo período de 2024 — um número significativamente menor do que o potencial. Por outro lado, espera-se que, após a conclusão das negociações e o restabelecimento completo do fluxo de embarques, ocorra uma aceleração pontual nos embarques, como forma de compensar o período de suspensão.
A gripe aviária alterou as perspectivas do setor para 2025? Qual é a projeção para o restante do ano após esse impacto?
Não é possível dizer ainda se as projeções do setor terão que ser revisadas para este ano. Uma avaliação mais clara só deverá ser possível após julho ou após o restabelecimento total do fluxo de exportações de carne de frango para todos os parceiros comerciais do Brasil. Vale lembrar, no entanto, que, mesmo com as suspensões, as exportações de carne de frango fecharam o acumulado dos cinco meses deste ano em patamares bem acima das expectativas iniciais do setor. A perspectiva de fechamento do ano com saldo positivo continua dentro dos planos do setor.