EXAME Agro

Greenlight, dos EUA, submete no Brasil primeiro bioinsumo à base de RNA

Companhia chegou ao país em março deste ano, com investimento de US$ 25 milhões

Videiras em Santa Catarina: solução inédita é voltada ao controle do oídio, doença causada pelo fungo Uncinula necator, que afeta severamente a produção de uvas viníferas no país (Freepik)

Videiras em Santa Catarina: solução inédita é voltada ao controle do oídio, doença causada pelo fungo Uncinula necator, que afeta severamente a produção de uvas viníferas no país (Freepik)

César H. S. Rezende
César H. S. Rezende

Repórter de agro e macroeconomia

Publicado em 27 de outubro de 2025 às 10h01.

Última atualização em 27 de outubro de 2025 às 10h25.

A americana GreenLight Biosciences, empresa de biotecnologia voltada à agricultura sustentável, submeteu ao Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), à Anvisa e ao Ibama o pedido de registro do primeiro produto à base de RNA pulverizável para uso agrícola no Brasil.

A companhia é reconhecida pela tecnologia em RNA, que consiste no uso da molécula para melhorar o controle de pragas, doenças e a resistência das plantas a estresses ambientais.

Segundo a empresa, trata-se de uma solução inédita voltada ao controle do oídio, doença causada pelo fungo Uncinula necator, que afeta severamente a produção de uvas viníferas no país.

Quando não controlada, a doença compromete a saúde das videiras, reduz a produtividade e impacta diretamente a qualidade e o valor de mercado das uvas destinadas à produção de vinhos.

“Hoje, o desenvolvimento de um produto químico leva, em média, oito anos e custa cerca de US$ 300 milhões. Nosso processo é cerca de doze vezes mais barato, com custos na ordem de US$ 30 milhões”, diz Giuan Lenz, diretor de Desenvolvimento de Produto da GreenLight Biosciences.

A tecnologia, baseada em RNA de interferência (RNAi), apresenta um perfil mais sustentável e preciso no campo.

Diferente dos fungicidas tradicionais — que enfrentam restrições de aplicação durante o florescimento e deixam resíduos que dificultam exportações —, o novo produto atua de forma altamente seletiva, sem causar fitotoxicidade nem afetar organismos não-alvo.

“Como nosso produto não gera resíduos, não é exigido o estabelecimento de LMR (Limite Máximo de Resíduo), um dos fatores que mais encarecem e retardam o processo de registro de defensivos agrícolas”, afirma Lenz.

Planos para o Brasil

A empresa afirma que tem planos de expansão no Brasil. Ainda neste ano, está prevista a submissão de outro produto focado no controle de ácaros, ampliando a oferta de soluções seguras e de baixo impacto ambiental no país.

“Os produtos à base de RNA apresentam vantagens em segurança alimentar e sustentabilidade, não deixam resíduo químico nos alimentos e são seguros para aplicadores, consumidores e para o meio ambiente", diz Lenz.

Em março deste ano, a GreenLight anunciou sua chegada oficial ao Brasil, que será o centro de operações da empresa na América Latina.

A instalação contou com um investimento de US$ 25 milhões (R$ 142,5 milhões) da Just Climate, gestora de investimentos voltada à transição climática, cofundada por Al Gore, ex-vice-presidente dos Estados Unidos e referência mundial na luta contra as mudanças climáticas.

Com a iniciativa, o Brasil deve se tornar o principal polo da GreenLight na região, ampliando a presença da biotecnologia de RNA aplicada ao agro.

Acompanhe tudo sobre:VinhosAgronegócioBiotecnologia

Mais de EXAME Agro

'Bar do agro' abre primeira unidade no Paraguai e mira R$ 15 milhões

Fitch rebaixa nota da Raízen e coloca empresa em perspectiva negativa

Cana-de-açúcar pode produzir energia em períodos de seca, diz estudo

A aposta de Lula em 270 milhões de habitantes para driblar o agro do tarifaço