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Fábrica de bioinsumos da Lavoro em Itápolis, São Paulo (Divulgação/Divulgação)
Repórter freela de Agro
Publicado em 20 de setembro de 2023 às 10h10.
Apesar de serem apenas 1,4% da quantidade, as grandes e médias empresas do agronegócio do Brasil – que faturam mais de R$ 10 milhões por ano – foram responsáveis por 77,2% do valor comercializado pelo setor em 2022, que chegou a R$ 7,39 trilhões.
Os dados são de um estudo inédito divulgado nesta quarta-feira, 20, pelo Empresômetro, uma spin-off do Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT). A análise, que levou seis meses e considerou notas fiscais eletrônicas cuja CNAE (Classificação Nacional de Atividade Econômica) é relacionada ao agro, tem como objetivo mapear o setor.
Segundo o levantamento, o agronegócio nacional tem 3.038.942 empresas. Destas, 7.276 são consideradas grandes, ou seja, faturam mais de R$ 100 milhões (0,24% do total). Mas, somadas, elas responderam por 42,86% das operações de compra e venda no ano passado (R$ 3,17 trilhões).
Já as médias empresas, com faturamento entre R$ 10 milhões e R$ 100 milhões, são 36.006 (1,18% do total do agro). Por outro lado, foram responsáveis por 34,33% do valor comercializado pelo setor (R$ 2,54 trilhões). Juntas, portanto, as 43.282 grandes e médias representaram R$ 5,71 trilhões dos R$ 7,39 trilhões que o agronegócio faturou em 2022.
No ano passado, segundo o Empresômetro, apenas o segmento da soja comercializou R$ 1,12 trilhão, dos quais 70,49% foram por meio de grandes e médias empresas. Já no caso das carnes, que tiveram comercialização de R$ 571,03 bilhões em 2022, grandes e médias empresas responderam por 77% do faturamento.
Das 2.995.660 demais empresas do agronegócio, conforme o Empresômetro, a maior parte é microempreendedor individual (MEI), com faturamento abaixo de R$ 100 mil – 1.243.627 ou 40,92% do total. O segmento inclui desde pequenos produtores e comércios varejistas em feiras, por exemplo, até trabalhadores rurais e da agroindústria.
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Ainda há 690.032 micro (22,71%), com faturamento de R$ 100 mil a R$ 3,8 milhões, e 1.062.001 pequenas (34,95%), que faturam de R$ 3,8 milhões a R$ 10 milhões. Conforme o estudo, porém, apesar de serem 98,6% da quantidade de empresas do setor, as MEI, micro e pequenas representaram só 22,8% do valor comercializado (R$ 1,68 trilhão).
A produção agropecuária “dentro da porteira” reforça que grandes e médias são exceção. No cultivo de soja, que tem 37.508 empresas mapeadas, são só 117 grandes (0,3%) e 337 médias (0,9%). Entre as grandes, a maioria (82) está localizada no Mato Grosso (70%).
Já na criação de bovinos para corte, que contempla 166.868 empresas registradas, somente 53 são grandes (0,03%). Outras 930 são médias (0,56%). Entre as grandes, 37,7% estão sediadas nos Estados de Mato Grosso (12) e Mato Grosso do Sul (8).
O levantamento do Empresômetro também indicou que a maior parte das empresas do agronegócio brasileiro faz parte do setor terciário: 1.228.630 estabelecimentos (40,43%). Além disso, há 988.992 no setor secundário (32,54%) e 821.320 no primário (27,03%).
“O estudo mostra que, apesar de as grandes e médias terem um maior volume, as pequenas e micro têm relevância. A força delas no Brasil é muito grande, não só para os resultados do setor, mas para movimentar a economia do país como um todo”, explica Gilberto Luiz do Amaral, sócio e head de estudos do Empresômetro.
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Grande parte das empresas do agronegócio, segundo o estudo, fica localizada em São Paulo – 1.224.412 ou 40,29% do total. Na sequência, aparecem Minas Gerais (9,22%), Rio de Janeiro (6,46%), Paraná (5,81%) e Rio Grande do Sul (5,16%). Juntos, os cinco Estados respondem por 66,94% do total de firmas do setor.
O Empresômetro ainda identificou que o segmento “dentro da porteira” com maior quantidade de empresas é a criação de bovinos para corte, com 166.868 (5,49% do total do agro). Em seguida, estão:
A definição do que faz parte do agro considerou tanto a produção agropecuária “da porteira para dentro” quanto outras partes da cadeia, como indústria de transformação, insumos e serviços.
Entre os setores “fora de porteira”, quem lidera é o comércio varejista de bebidas, com 292.433 empresas (9,62% do total do agro), seguido de comércio varejista de produtos alimentícios (185.392 ou 6,10%), fabricação de produtos de padaria e confeitaria (163.993 ou 5,40%), confecção de peças de vestuário (162.658 ou 5,35%) e fabricação de móveis com predominância de madeira (122.589 ou 4,03%).
As bebidas foram incluídas como um ramo do agronegócio porque contêm matéria-prima de origem vegetal – cerveja, vinho e cachaça, por exemplo, têm origem de cevada, uva e cana. O mesmo vale para os biocombustíveis, como etanol e biodiesel.
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O Empresômetro também mapeou a quantidade de produtores rurais do Brasil: 5.378.654 no total, dos quais 3.828.058 são pessoas físicas (71,17%). A maior parte de quem tem CPF vive no Nordeste (45,72% ou 1.750.223). Há 749.206 produtores no Sudeste (19,57%), 637.969 no Sul (16,67%), 423.793 no Norte (11,07%) e 266.868 no Centro-Oeste (6,97%).
No caso do produtor rural pessoa física, os dados foram confirmados cruzando as notas fiscais eletrônicas com cadastros como do Incra e dos Estados. Já que o estudo considerou apenas as transações com emissão de nota fiscal eletrônica, foi possível excluir os gastos pessoais e que não tiveram relação com as operações rurais.
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Os cinco estados com maior número de produtores rurais pessoa física são Bahia (595.802 ou 15,56% do total no país), Minas Gerais (448.985 ou 11,73%), Ceará (297.445 ou 7,77%), Rio Grande do Sul (269.821 ou 7,05%) e Paraná (225.648 ou 5,89%).