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COP30: Governo prepara plano de incentivo à aquicultura, diz ministro

Em 2024, a aquicultura gerou R$ 7,7 bilhões, segundo o IBGE

Peixe no Brasil: produção de peixes no país cresceu 10% em relação a 2023, atingindo 725 mil toneladas (Rafa Neddermeyer/Agência Brasil)

Peixe no Brasil: produção de peixes no país cresceu 10% em relação a 2023, atingindo 725 mil toneladas (Rafa Neddermeyer/Agência Brasil)

César H. S. Rezende
César H. S. Rezende

Repórter de agro e macroeconomia

Publicado em 19 de novembro de 2025 às 17h13.

Última atualização em 19 de novembro de 2025 às 17h26.

BELÉM — PARÁ — O governo federal deve lançar em dezembro um plano para incentivar a produção de peixe no Brasil. Segundo André de Paula, ministro da Pesca, o plano atende a uma demanda antiga do setor e está na fase final de elaboração.

A proposta, afirma o ministro, é que o Plano Nacional da Aquicultura entre em vigor em 2026, incorporando todas as demandas e sugestões apresentadas. Em 2024, a aquicultura gerou R$ 7,7 bilhões, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

"O plano aborda os principais desafios do setor e define metas claras para as diversas categorias e modalidades, como piscicultura e carcinicultura (produção de camarão). Foi um plano elaborado com a participação de todos os setores, de forma bem estruturada, para estabelecermos objetivos a curto, médio e longo prazo", afirmou à EXAME durante a COP30.

No ano passado, a produção de peixes no país cresceu 10% em relação a 2023, atingindo 725 mil toneladas. O peixe mais produzido no Brasil é a tilápia, cuja produção, com 499 mil toneladas em 2024, correspondeu a 69% do total de peixes.

Segundo o ministro, o projeto traz uma abordagem mais prática, detalhando, nos próximos 10 anos, como o governo trabalhará junto à sociedade civil e ao setor produtivo. "Estamos na fase final e acredito que será um instrumento bem valioso, um plano construído ouvindo todos esses setores de forma bem identificada", afirmou.

Tarifas de Trump

O ministro também afirmou que, apesar da decisão dos Estados Unidos de retirar a tarifa de 10% sobre as exportações do setor de pescados, isso ainda não resolve o problema do "tarifaço".

"No nosso setor, ainda não há uma notícia a ser celebrada, mas mantemos uma expectativa positiva de que isso seja possível", declarou.

Na sexta-feira, 14, Donald Trump divulgou uma ordem executiva retirando as tarifas recíprocas implementadas em abril deste ano. A expectativa do republicano é que a retirada das taxas ajude a diminuir a inflação de alimentos nos EUA. Contudo, o decreto não removeu a sobretaxa de 40% anunciada em julho.

Na época, o setor de pescados foi um dos mais impactados pelo aumento das tarifas. Segundo a Associação Brasileira das Indústrias de Pescados (Abipesca), pelo menos 58 contêineres, com 1.160 toneladas de pescados que seriam destinados aos Estados Unidos, perderam seus compradores e terão que retornar aos produtores.

Os EUA respondem por 70% do mercado externo brasileiro de pescado. Somente a tilápia tem 90% de sua produção destinada ao país.

"Pode não ter a velocidade que gostaríamos, mas seguimos acreditando que o diálogo é o caminho. É difícil, no contexto de uma negociação, separar os setores. Na verdade, quem senta à mesa é o país", disse de Paula.

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