(Peter Dazeley/Getty Images)
Repórter de agro e macroeconomia
Publicado em 25 de junho de 2025 às 06h01.
O Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) deve aprovar, nesta quarta-feira, 25, o aumento da mistura obrigatória de etanol anidro na gasolina, de 27% para 30%, e de biodiesel no diesel comum, de 14% para 15%. A medida, que já conta com respaldo técnico, será ratificada pelos ministros do colegiado.
Nos cálculos do Ministério de Minas e Energia (MME), a implementação do E30 deve levar a uma possível redução de até R$ 0,13 por litro no preço da gasolina.
Além disso, a elevação da mistura pode evitar a importação de 760 milhões de litros anuais de gasolina, ao mesmo tempo em que impulsiona a demanda por etanol. Esses resultados fazem parte de um estudo conduzido pelo ministério em parceria com o Instituto Mauá de Tecnologia (IMT), que avaliou a viabilidade técnica e os impactos da mudança.
"O avanço da mistura obrigatória do biodiesel significa menos emissões, mais empregos, e renda para milhares de famílias da agricultura familiar. O biodiesel movimenta uma cadeia muito grande", diz André Lavor, CEO e cofundador da Binatural, empresa brasileira especializada na produção de biodiesel.
O processo também contou com a participação de entidades do setor, como a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) e o Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores (Sindipeças).
A medida integra o marco legal da Lei do Combustível do Futuro, sancionada em outubro de 2024 pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
A legislação permite o aumento da mistura de etanol anidro na gasolina para até 35% e do biodiesel no diesel para até 25%, abrindo portas para possíveis futuras ampliações.
Desde março do ano passado, a mistura de biodiesel no diesel está em 14%. O setor tem pressionado pelo aumento, que se concretiza agora com a aprovação do B15, a nova mistura obrigatória.
Segundo levantamento da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), o consumo de soja no Brasil deverá crescer de 6 milhões de toneladas em 2025 para 11,1 milhões de toneladas em 2030, com a aprovação da medida.
A expectativa é de que o aumento também impactará a projeção de esmagamento de soja, que passará de 31 milhões de toneladas em 2024 para 55,8 milhões de toneladas em 2030.
O processo de esmagamento da soja, que transforma os grãos em óleo e farelo, deverá acompanhar esse crescimento da demanda. Durante o processo, os grãos de soja são separados da casca, prensados em flocos, embebidos em solvente para a extração do óleo bruto. O material restante é então seco e moído para gerar o farelo de soja, utilizado principalmente como ração animal.
A produção de biodiesel no Brasil deverá mais que dobrar nos próximos anos. A estimativa é que o volume salte de 8 bilhões de litros em 2024 para 16,9 bilhões de litros em 2030, acompanhando o aumento gradual da mistura de biodiesel no óleo diesel e a demanda crescente por combustíveis mais sustentáveis, afirma a entidade.