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Gigante agrícola, Ucrânia nem sequer consegue semear plantações

Atingindo fazendas, usinas e portos, a invasão pela Rússia está paralisando a agricultura ucraniana, que produz dezenas de milhões de toneladas de grãos e oleaginosas e vende para o mundo inteiro

 (SERGEI GAPON/Getty Images)

(SERGEI GAPON/Getty Images)

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Bloomberg

Publicado em 7 de março de 2022 às 20h56.

Por Megan Durisin, Irina Anghel e Volodymyr Verbyany, da Bloomberg

A guerra está alcançando as vastas plantações da Ucrânia, criando risco real de que o maior produtor mundial de girassol tenha dificuldades para semear essa cultura este ano e de colher outras culturas já plantadas.

Atingindo fazendas, usinas e portos, a invasão pela Rússia está paralisando a agricultura ucraniana, que produz dezenas de milhões de toneladas de grãos e oleaginosas e vende para o mundo inteiro. A agricultura é tão arraigada na identidade nacional que a bandeira da Ucrânia é uma representação do céu azul sobre plantações amarelas.

Trigo e milho dispararam para os maiores preços em uma década, diante da paralisação das exportações pela região do Mar Negro. Outro grande problema para a oferta é a dificuldade dos agricultores ucranianos de trabalhar no campo e o fato de muitos estarem se juntando às forças armadas poucas semanas antes do início do plantio da primavera. A situação pode devastar a produção de culturas como a do girassol – a flor nacional que se tornou símbolo global da resistência do país.

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“O melhor cenário é que a produtividade diminua. O pior cenário é que nada seja plantado”, disse o holandês Kees Huizinga, que foi atraído para a Ucrânia há duas décadas por causa das oportunidades na agricultura. “Se você perder a janela de oportunidade para plantar, é tarde demais.”

A Ucrânia é o maior exportador de óleo de girassol. A eliminação de uma importante fonte de abastecimento ameaça elevar ainda mais os preços globais dos alimentos, que aceleram a inflação e abalam os orçamentos das famílias.

“As consequências globais podem ser muito, muito duras” se a agricultura do país parar, disse o vice-presidente do Banco Nacional da Ucrânia Serhiy Nikolaychuk à Bloomberg TV na quinta-feira.

Risco de colheita

A cevada de primavera pode ser semeada já em março. Grãos e a maior parte do trigo foram plantados antes do inverno. Os agricultores geralmente aplicam fertilizantes nessas culturas agora que as plantas emergem da dormência. O sul da Ucrânia — onde a Rússia tenta tomar cidades importantes — é uma região crucial para essas culturas.

Mesmo que a guerra termine imediatamente, as aplicações de nutrientes serão interrompidas, reduzindo a produtividade, disse Andrey Sizov, que comanda a consultoria SovEcon. Girassol, beterraba e milho correm maior risco devido à dificuldade de acessar os campos e os insumos, acrescentou o presidente da Strategie Grains, André Defois.

Mesmo quem tem fertilizante faz aplicações em horários restritos por medo de atrair drones com as luzes dos tratores. Os moradores temem que o ruído das máquinas atraia tanques ou foguetes russos. Além do acesso limitado a insumos e combustível, Huizinga não sabe o tamanho da área que será semeada.

Prever o volume de produção é outra tarefa difícil a esta altura. Uma projeção preliminar indica que a safra de milho da Ucrânia será um terço menor do que o recorde de 2021, caindo para 30 milhões de toneladas, segundo Pete Meyer, analista-chefe de grãos e oleaginosas da S&P Global Commodity Insights.

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