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Preço dos ovos: Entre o 1º tri de 2022 e 1º tri de 2023, os preços nos Estados Unidos e União Europeia cresceram 155% e 62%, respectivamente, enquanto o Japão registrou o maior preço desde 2003 (Claus Völker/Getty Images)
Repórter de Agro
Publicado em 21 de junho de 2023 às 18h51.
Última atualização em 21 de junho de 2023 às 18h53.
Os preços dos ovos alcançaram nível recorde nos mercados ao redor do mundo, com destaque para o último trimestre de 2022, segundo novo relatório do Rabobank. Fatores como alto custo de produção, consequências da Covid-19 e aumento dos casos de influenza aviária fizeram os preços disparar.
Entre o primeiro trimestre de 2022 e o mesmo período de 2023, os preços nos Estados Unidos e União Europeia cresceram 155% e 62%, respectivamente, enquanto no Japão registrou o maior preço desde 2003.
Mais de 70% do custo de produção de ovos é composto por milho e farelo de soja, utilizados como ração. De criadouros à agroindústria de processamento, o aumento nos preços da matéria-prima impacta significativamente toda a cadeia de produção e alimentação. Neste sentido, o Rabobank aponta que os preços globais de ovos aumentaram entre 50% e 100%, de 2020 a 2022.
Quando os preços de alimentos aumentaram em 2021 – cenário agravado em 2022 pela guerra da Rússia com a Ucrânia –, os ovos acompanharam o movimento. No entanto, mesmo com preços encolhendo para alimentos em geral, os ovos continuaram encarecendo. Até agora, mercados como China e Índia foram menos impactados, com preços acima do normal entre 15% e 20%.
De acordo com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), entre fevereiro de 2022 e fevereiro de 2023, o preço de venda no atacado da caixa com 30 dúzias de ovos brancos subiu 28,6%, para R$ 174,89. A caixa com 30 dúzias de ovos vermelhos ficou 26,9% mais cara, chegando a R$ 198,82.
Custos de alimentação estão diretamente ligados aos preços de grãos e combustíveis, que representam entre 60% e 70% do custo do produtor. Consequentemente, qualquer mudança nas despesas da cadeia produtiva impacta o preço dos ovos.
Do meio de 2020 para o segundo semestre de 2022, os custos de produção praticamente dobraram em muitos mercados, como de insumos e defensivos, e produtores apertados precisaram repassar este valor para os consumidores.
Entre abril e junho de 2022, houve incertezas particularmente devido à guerra, trazendo preocupações sobre o abastecimento de comida e o preço da energia. Em resposta, muitos criadores preferiram não arriscar e deixaram de investir na ampliação do aviário e na criação de galinhas. Em locais de menor escala, produtores deixaram a indústria por não suportar os altos custos, como ração e energia para as granjas.
O aumento de casos de influenza aviária tem crescido nos últimos dois anos, devido à agressividade do vírus H5N1 na Ásia, Europa e depois nas Américas. Nos Estados Unidos, mais de 40 milhões de galinhas poedeiras foram sacrificadas entre 2022 e o começo de 2023, com 60% a mais que as ocorrências em 2022.
Ainda que os casos nos aviários estejam significativamente menores em 2023, e haja repovoamento dos criadouros, a população de galinhas e a produção de ovos estão inferiores a 2021.
Nos Estados Unidos, o cenário levou a um declínio de 9% na disponibilidade no mês de março. Na União Europeia, a estimativa é que a influenza aviária levou a uma queda populacional de 5%. O Japão reportou o abate de mais de 17 milhões de galinhas, enquanto na África do Sul foram abatidos 2,8 milhões de animais, redução de 10% na população do país.
Em países emergentes, especialmente na América do Sul, a influenza aviária tem se espalhado rápido. A preocupação, segundo o relatório do Rabobank, é que estes países não possuem um sistema de apoio que compense financeiramente produções que sejam atingidas pelo vírus. Isso pode causar riscos no curto prazo, relacionados à dificuldade de reportar os casos, e no longo prazo o risco é de redução na capacidade dos criadouros.
Na maioria dos casos, a produção de galinhas está concentrada perto de grandes cidades como Lima, Guadalajara e São Paulo. “Se estas áreas produtivas forem afetadas, pode haver um impacto ainda maior nos mercados locais”, alerta o texto.
Embora a pandemia de Covid-19 tenha arrefecido, as consequências ainda são vividas na indústria dos ovos. De 2020 a 2022, as restrições de mobilidade fizeram o consumo fora dos lares cair, o que reduziu a atuação do segmento.
Nos Estados Unidos, por exemplo, os cafés-da-manhã representam a maior parte das vendas da indústria de ovos. No Canadá, a redução foi de 30% no consumo fora do lar e até agora a recuperação do setor não atingiu os níveis pré-pandemia.
Os desdobramentos da pandemia recaem para toda a cadeia, da distribuição dos ovos até a produção no campo. Mesmo com a maioria dos países recuperando o ritmo de consumo, o tempo de produção dos ovos é relativamente devagar, podendo levar mais de um ano para reequilibrar o crescimento da demanda com o ciclo da indústria.