Apoio:
Carne do Mercosul: embaixada francesa tenta apaziguar conflito após anúncio do Carrefour da França (Guilherme Martimon/MAPA)
Publicado em 25 de novembro de 2024 às 21h56.
Última atualização em 25 de novembro de 2024 às 22h05.
O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, revelou na noite desta segunda-feira, 25, que a embaixada francesa no Brasil está atuando como intermediária para ajudar o Carrefour a se retratar após o anúncio do veto à carne do Mercosul. Em entrevista à TV Globo, Fávaro disse que o embaixador francês ofereceu-se para facilitar uma conversa entre as partes para apaziguar o conflito.
"O embaixador francês se ofereceu, falando com o nosso secretário de relações internacionais, para ser um intermediador de uma proposta pra apaziguar este assunto", afirmou Fávaro à TV Globo. "O 'timing' é deles. Feito isso, compra quem quiser, quem achar que é importante".
Como mostrou a EXAME, o Carrefour da França anunciou que não comprará carne proveniente dos países do Mercosul. A decisão foi comunicada na última quarta-feira, 20, pelo presidente global da rede, Alexandre Bompard, em uma carta enviada a Arnaud Rousseau, presidente da Federação Nacional dos Sindicatos de Agricultores (FNSEA).
Desde o fim de semana, os principais frigoríficos do Brasil pararam de fornecer carne para as unidades do Carrefour brasileiro como uma reação à fala de Bompard.
O posicionamento ocorre em meio a protestos de agricultores franceses contra a importação de produtos do Mercosul e a aprovação do acordo comercial com a União Europeia (UE). Setores agrícolas da França têm pressionado o presidente Emmanuel Macron a não avançar no diálogo e a priorizar a defesa da produção nacional.
A França respondeu por apenas 0,00476% das exportações de carne bovina brasileira entre janeiro e outubro deste ano, com um volume total de 165 toneladas em equivalente carcaça (TEC), medida utilizada para padronizar a pesagem da carne bovina.
No mesmo período, o Brasil exportou 3,47 milhões de toneladas de carne, sendo a União Europeia responsável por 92,41 mil toneladas. Em valor FOB, o montante alcançou US$ 445.886,57 milhões, segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), compilados pela consultoria SAFRAS & Mercados.
Em entrevista à rádio France Inter, a ministra da Agricultura e Soberania Alimentar da França, Annie Genevard, reiterou sua posição contrária ao acordo entre a União Europeia e o Mercosul.
“O projeto de acordo com o Mercosul não é bom. Ele causa uma concorrência desleal, não atende aos padrões sanitários e falha no plano ambiental", disse Genevard.
Segundo ela, a posição da França tem influenciado o debate sobre a assinatura da tratativa, prevista para ocorrer no dia 6 de dezembro, de acordo com o ministro da Agricultura e Pecuária do Brasil, Carlos Fávaro.
“Estamos defendendo padrões de sustentabilidade econômica e ambiental para nossos agricultores, e nossa posição está mudando as linhas do debate na Europa”, afirmou a ministra.
Na visão de Genevard, o acordo falha em compromissos de sustentabilidade e transparência, indo no sentido contrário do que o bloco europeu acredita.
"Não é aceitável abrir nosso mercado a produtos que não respeitam os mesmos padrões que exigimos de nossos produtores", disse ela.
Vários protestos ocorreram nesta segunda-feira feira em diversas partes da França, com os agricultores do país contrários à assinatura do acordo.