Agência de notícias
Publicado em 1 de agosto de 2025 às 15h35.
A indústria francesa de vinhos e destilados estima perder €1 bilhão (US$ 1,1 bi ou R$ 6,41 bi) caso os Estados Unidos sigam adiante com a imposição de uma tarifa de importação de 15% sobre seus produtos na próxima semana, enquanto a União Europeia faz um último esforço para obter uma isenção.
A taxa, prevista para entrar em vigor em 7 de agosto, provavelmente reduzirá em um quarto as exportações anuais do setor da França, afirmou a Federação Francesa de Exportadores de Vinhos e Destilados (FEVS) em um comunicado nesta sexta-feira. A medida também colocará em risco os empregos das 600 mil pessoas diretamente empregadas pela indústria.
— Agradecemos os esforços já feitos para tentar excluir vinhos e destilados dessa tarifa de 15% — disse o presidente da FEVS, Gabriel Picard. — A situação não pode continuar como está. É vital que a França e a União Europeia se envolvam ativamente conosco para apoiar concretamente nosso setor.
O presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou uma série de novas tarifas sobre produtos de diversos países, prosseguindo com sua tentativa de remodelar o comércio internacional. O ministro francês do Comércio Exterior, Jean-Noel Barrot, disse em entrevista a uma rádio que a França e a União Europeia continuam negociando uma isenção para os vinhos e destilados do continente.
— Este é apenas um passo, e não vamos parar por aqui — afirmou Barrot na rádio France Inter nesta sexta-feira. — Queremos obter novas concessões, garantias sobre vinhos e destilados.
A União Europeia — com apoio de líderes da indústria como o bilionário Bernard Arnault, fundador da LVMH — está pressionando por um acordo que permita que os setores de vinhos e destilados voltem, ao menos, às condições que tinham antes dos anúncios de tarifas feitos por Trump no chamado Dia da Libertação, segundo o que fontes familiarizadas com o assunto disseram no início desta semana.
A turbulência comercial ocorre em meio a um excedente global de vinho, apesar da produção ter caído para o nível mais baixo em 60 anos em 2024, com a demanda diminuindo ainda mais rapidamente. Os EUA compraram quase 30% das exportações de vinho da Europa no ano passado.
— Estamos realmente ansiosos por essa isenção — disse Samuel Masse, presidente da Confederação Europeia dos Viticultores Independentes, em entrevista à Bloomberg TV. — O que sabemos até agora é que não estamos no topo da lista, pelo que sabemos, mas o que esperamos é entrar nessa lista para obter zero por cento.
Masse também afirma que o impacto também será enorme no mercado dos EUA, porque a importação de vinho está "profundamente entrelaçada com os mercados americanos, e isso afetará consumidores e empresas dos EUA".