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Exportações de carne bovina, suína e de frango requerem contâineres refrigerados (Jonne Roriz/Bloomberg/Getty Images)
Redação Exame
Publicado em 18 de abril de 2023 às 17h41.
Última atualização em 18 de abril de 2023 às 18h06.
As exportações de carne bovina brasileira in natura tiveram, no primeiro trimestre de 2023, o segundo melhor desempenho para o período em todos os tempos, apesar da paralisação nos embarques para a China. Entre janeiro e março, o Brasil embarcou 411,08 mil toneladas do produto, o segundo maior volume de todos os tempos, atrás apenas do mesmo período do ano passado, segundo a Secretaria de Comércio Exterior (Secex).
Em março, o volume exportado foi o quinto maior do mês, considerando a série da Secex, totalizando 124,43 mil toneladas — 1,6% abaixo do embarcado em fevereiro e 26% abaixo de mar/22.
Embora os volumes não tenham sido tão impactados, a paralisação das exportações para a China refletiu no preço pago pelo boi gordo.
No acumulado de março, o preço pago pela carne bovina brasileira caiu para o menor patamar desde abril de 2021, chegando a US$ 4.812,05 por tonelada — 0,9% inferior ao valor pago em fevereiro e 18,43% inferior a março do ano passado.
Com a queda nas vendas e a desvalorização da carne bovina exportada em março, a receita também caiu, totalizando US$ 598,79 milhões no mês passado, 40% inferior a março de 2022, segundo a Secex. No primeiro trimestre, a receita somou US$ 1,9 bilhão, 24,01% menor que no mesmo período de 2022.
As exportações brasileiras de carne suína no primeiro trimestre de 2023, incluindo produtos in natura e processados, tiveram o melhor desempenho para o período em todos os tempos.
Segundo dados da Secex, entre janeiro e março de 2023, o Brasil exportou 271,6 mil toneladas, 16,5% mais que nos três primeiros meses ano passado.
Apenas em março, o Brasil exportou 105,8 mil toneladas de carne suína, um aumento de 35,9% em relação a fevereiro. Este é o maior volume mensal exportado neste ano, favorecendo o recorde.
Em relação à receita, as vendas externas de carne suína totalizaram R$ 3,32 bilhões no trimestre. Em março, a receita somou R$ 1,28 bilhão, alta de 35,2% na comparação mensal e de 38% na comparação anual.
Na avaliação da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), os altos custos de produção no mundo e problemas de saúde animal em diversos países produtores de carne suína estão impulsionando a demanda pelo produto brasileiro. A China ainda é o maior comprador, seguida por outros países da Ásia.
De fevereiro a março, China e Hong Kong importaram 16% e 69% mais de carne do Brasil, respectivamente. As Filipinas dobraram o volume importado, chegando 9,4 mil toneladas de carne suína.
As exportações brasileiras de carne de frango têm estado em alta. Segundo dados da Secex analisados pelo Cepea, em março, o Brasil exportou 514,6 mil toneladas de carne de frango, superando o recorde anterior, estabelecido em dezembro de 2018, quando foram embarcadas 463,8 mil toneladas. O volume exportado em março foi 22,9% superior ao mesmo mês do ano passado.
Os resultados positivos do mês passado foram influenciados pelos aumentos nos volumes enviados para a Ásia e para o México. Segundo dados da Secex, entre fevereiro e março, os volumes exportados para Japão (40,3 mil/t), México (25,6 mil/t) e China (76,2 mil/t) aumentaram 78%, 50% e 48%, respectivamente.
"É importante destacar que, com a menor oferta de carne de frango, muitos importadores, como o México, estão buscando o produto no Brasil. Em maio, o México suspendeu as tarifas de importação da carne de frango brasileira, devido a um acordo entre os dois países sobre questões de saúde animal. A baixa oferta mundial é reflexo tanto da gripe aviária em importantes países produtores quanto dos altos custos dos grãos e da energia", esclarece o Cepea através de nota.
Segundo a Secex, a receita recebida em março foi recorde, totalizando R$ 5,09 bilhões, 10,8% superior à de março de 2022.
Quanto à demanda, a ABPA explica que as exportações brasileiras de frango costumam aumentar nesta época do ano, quando os países do Hemisfério Norte aumentam as importações para o verão.