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Exportação de soja bate recorde em maio, mas preço é o menor desde 2021

Colheita do milho avança e produtores precisam liberar espaço para armazenamento. Cenário ainda é composto por valorização do cereal no Brasil e preocupações na safra dos Estados Unidos

Soja em navio graneleiro: Brasil exportou 15,6 milhões de toneladas de soja em maio, recorde para o mês (Paulo Whitaker/Reuters)

Soja em navio graneleiro: Brasil exportou 15,6 milhões de toneladas de soja em maio, recorde para o mês (Paulo Whitaker/Reuters)

Mariana Grilli
Mariana Grilli

Repórter de Agro

Publicado em 19 de junho de 2023 às 14h23.

Última atualização em 19 de junho de 2023 às 15h48.

No mês de maio, o Brasil exportou 15,6 milhões de toneladas de soja. Trata-se de um recorde para o mês de maio e o maior volume mensal embarcado pelo Brasil desde abril de 2021. As informações são da Secretaria de Comércio Exterior (Secex/MDIC). Apesar do volume recorde, o preço foi o menor desde fevereiro de 2021, tanto em dólar quanto em real.

Absorvido pelo importador, o preço free on board FOB médio em maio fechou em R$ 155,82 a unidade da saca, ou US$ 521,32 por tonelada de soja-- . De acordo com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (CEPEA/USP), o preço FOB é calculado considerando as cotações da Bolsa de Chicago para o complexo soja -- composto por grãos, farelo e óleo --  mais o prêmio de exportação que depende das condições de oferta e demanda entre Brasil e Estados Unidos.

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Em maio, a alta disponibilidade da soja no mercado e a paridade entre dólar e real atraiu importadores, derrubando os preços pagos. Na última semana de maio, o preço FOB da soja para embarque em junho caiu 2,7%. Em reais – com base no dólar futuro negociado na B3 –, o preço chegou em R$ 141,22 a unidade da saca de 60 quilos. Já para embarque em julho, a saca no Porto de Paranaguá ficou em R$ 142,33.

A safra de soja 2022/23 é estimada pela Conab em 154,81 milhões de toneladas, 23% superior à produção da temporada anterior, o que pode limitar as valorizações do grão. Um fator para que isso ocorra é o alto volume de grãos pressionando a capacidade de armazenagem nos silos. O cenário se agrava pelo avanço da colheita do milho, pois o cereal compete pelo mesmo espaço de armazenamento.

A gangorra entre soja e milho

No Mato Grosso e em Minas Gerais, a colheita do milho segunda safra já começou. Segundo dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), 1,7% da safra nacional havia sido colhida até 9 de junho, produção que pode somar 96,31 milhões de toneladas. Quanto à safra de verão, 85% foi colhida, com atividades ainda em andamento no Maranhão, Bahia, Piauí e Rio Grande do Sul, rumo ao volume de 125,71 milhões de toneladas.


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A demanda internacional pelo milho brasileiro aumentou ligeiramente na primeira quinzena de junho, segundo o Cepea, interrompendo a tendência de queda observada desde março. Isso aconteceu devido ao clima e preocupações com o desenvolvimento das lavouras de milho nos Estados Unidos.

Desde o início de junho, as chuvas têm sido menores do que o necessário no Meio-Oeste dos Estados Unidos, o que pode diminuir o potencial produtivo das lavouras. Até agora, as estimativas oficiais do USDA continuam a apontar para uma maior produção nos EUA, no entanto, as condições das lavouras pioraram. No Brasil, as estimativas foram revisadas para cima novamente pela Conab, indicando que a segunda safra será recorde, estimada em 96,31 milhões de toneladas.

Em linhas gerais, o produtor precisa decidir se vende a soja, mesmo com a queda dos preços, se quiser armazenar corretamente o milho e surfar a onda positiva de preços que se desenha para o milho. Neste fluxo de caixa entre as commodities, o que os especialistas apontam é que o preço pago pela soja costuma cobrir os custos de produção, enquanto o rendimento do milho tende a se tornar o lucro do calendário-safra.

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