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Produtor de café no interior de São Paulo: a expectativa de Coopercitrus e E-Agro é atingir um público de 53 mil produtores no país (Leandro Fonseca/Exame)
Repórter de Agro
Publicado em 22 de dezembro de 2023 às 16h18.
Última atualização em 22 de dezembro de 2023 às 19h28.
Crédito, dados e marketplace. Este é o tripé que chamou a atenção da Coopercitrus quando acertou a nova parceria com a E-Agro, plataforma de soluções de crédito para produção agropecuária do Bradesco – cocriado com a IBM. O acordo inaugura o braço digital do banco para atender cooperativas e distribuidoras de insumos.
A expectativa é que a parceria com a nova modalidade E-agro Finance, a ser inaugurada em janeiro, fomente a movimentação de R$ 500 milhões em crédito a produtores rurais no primeiro semestre de 2024. A informação foi revelada em primeira mão à EXAME Agro nesta sexta-feira, 22, por executivas das companhias.
Com mais de 40 mil associados, a Coopercitrus se viu durante muitos anos fazendo o papel de credor, por entender a fundo a realidade do produtor e facilitar a compra de insumos para a safra. “Financiamos quase 3 bilhões por ano para os nossos cooperados, mas o que entra e sai, e vai se liquidando, é mais que isso”, afirma Simonia Sabadin, CFO da Coopercitrus.
Ela conta que o acordo com o Bradesco viabiliza “uma condição muito diferenciada para o agricultor”, com taxa pré-fixada no prazo de 30 dias. E mais do que isso, atendendo as especificidades das atividades. Financiamentos para a cultura da cana-de-açúcar tem o prazo de 18 meses, enquanto para café e soja costuma ser praticado um ano.
Nadege Saad, head da E-Agro, diz que é esta expertise do campo que contribui para o negócio ganhar capilaridade entre o público rural. O novo modelo de crédito também facilita a necessidade de garantia, pois este é um empecilho para muitos produtores de pequeno porte.
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A proposta é que a cooperativa seja a pessoa jurídica que dá o aval na relação entre banco e produtor rural. A Coopercitrus faz sua parte e conta com uma fintech própria para avaliar os riscos em cada caso, contando com um time de agrônomos, em buscar de unir conhecimento técnico com crédito eficiente.
Este arranjo contribui para que as taxas sejam mais atrativas, de acordo com ela. “O mercado hoje pratica de 15% a 16%, podemos falar que vai ficar em torno de 20% mais baixo, mas ainda em duas casas, porque a Selic está assim, em 11,75%”, afirma Saad.
A médio prazo, diante da parceria, a expectativa é atingir um público de 53 mil produtores no país, pois além dos cooperados atuais, há funcionários temporários e a entrada de cerca de mil associados por ano na Coopercitrus.
Além de ampliar a quantidade de produtores aptos à tomada de crédito, a cooperativa também quer que o financiamento vá para além dos insumos. “Queremos financiar drones, irrigação, energia fotovoltaica. Somos uma das únicas cooperativas do Brasil voltada para o incremento destas tecnologias e as vendas passam pelo nosso crivo, para dar tranquilidade ao risco da operação para o Bradesco”, diz a CFO da cooperativa.
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A atuação da Coopercitrus está 95% concentrada em pequenos e médios produtores nos estados de São Paulo e Minas Gerais, principalmente nas culturas de cana-de-açúcar, café e soja. A outra porcentagem de atuação está espalhada em pequenas operações em Mato Grosso e Goiás.