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Crise do açúcar na Europa: empresas se unem para compartilhar gás (Getty Images/Getty Images)
Carla Aranha
Publicado em 15 de setembro de 2022 às 13h43.
Diante do agravamento da crise do gás natural, usinas de beterraba da Alemanha e outros países estudam medidas para não fechar as portas. As fábricas de processamento de beterraba, que produzem açúcar, dependem do gás natural para seu funcionamento, segundo o Rabobank. "A seca na parte central e sul da Europa neste ano impactou o cultivo e a produção de beterraba caiu cerca de 4%. E as usinas agora têm o desafio da crise energética", disse Andy Duff, estrategista global do Rabobank para o setor de açúcar, em podcast divulgado nesta quarta, dia 14.
Os produtores, segundo o Rabobank, tem duas preocupações em mente: o alto custo da energia e o risco da falta de gás. Caso a Rússia cumpra a ameaça de fechar as torneiras, a União Europeia deverá lidar com taxas maiores de inflação e uma limitação da capacidade industrial. O Nord Stream, gasouduto russo, responde por 40% do suprimentos para a Europa.
Na Alemanha, quatro das maiores usinas de açúcar decidiram compartilhar a capacidade produtiva para enfrentar uma eventual escassez de gás nos próximos meses. O posicionamento foi adotado pela Nordzucker AG, Suedzucker AG, Pfeifer & Langen GmbH & Co KG e Cosun Beet Co, de acordo com o governo alemão.
O preço do gás natural disparou após a Rússia reduzir drasticamente as remessas para os países europeus, após a proposta da União Europeia em colocar um teto de preços para o insumo. Em agosto, o custo do gás registrou um aumento de cerca de dez vezes em relação ao mesmo período do ano passado. Na França, chegou a 880 euros por megawatt-hora.
A colheita de beterraba tem início no outono e inverno na Europa, que acaba no próximo dia 22. O processamento nas usinas começa em setembro e dura poucos meses, segundo o Rabobank. A estratégia de compartilhar gás e a capacidade operacional das usinas na Alemanha visa evitar o desabatecimento de açúcar, segundo as empresas, já que a beterraba só por ser estocada por um determinado período de tempo.
Outros setores industriais na Alemanha, maior economia da Europa, passaram a viver sob o temor de reduzir ou suspender a produção devido à crise de energia. "Os preços do gás natural representam um fardo pesado para muitas empresas que competem internacionalmente", disse Matthias Ruck, porta-voz da Evonik AG, segunda maior fabricante de químicos do mundo. A companhia decidiu substituir 40% do gás natural que utiliza por carvão e gás liquifeito -- e vem repassando parte dos custos para os consumidores. No primeiro semestre, a importação de produtos químicos aumentou 27% na Alemanha em comparação ao mesmo período do ano passado.
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