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Agropecuária: cada R$ 1 investido proporcionou ao país retorno de R$ 18 (Vincent Mundy/Bloomberg)
Agência Brasil
Publicado em 29 de abril de 2021 às 15h59.
Última atualização em 29 de abril de 2021 às 16h10.
A atuação da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) em pesquisa, desenvolvimento e transferência de tecnologias ao setor produtivo gerou lucro social de 61,85 bilhões de reais para o Brasil ao longo do ano passado.
Segundo a nova edição do Balanço Social da Embrapa, divulgada hoje, 27, cada 1 real investido na empresa pública vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento proporcionou retorno de quase 18 reais para o país.
“Além desse benefício, geramos, com nossas tecnologias, cerca de 41.000 empregos no setor do agro, um número bastante considerável se pensarmos que se tratou de um ano de pandemia”, disse o presidente da empresa, Celso Moretti.
Ao apresentar os resultados do último ano a jornalistas, o engenheiro agrônomo explicou que o cálculo leva em conta 152 projetos desenvolvidos pela Embrapa e parceiros. O resultado, de acordo com Moretti, representa um aumento dos benefícios econômicos para o setor agropecuário 4% superior ao registrado em 2019.
Dentre as tecnologias desenvolvidas pelo corpo técnico da empresa com parceiros dos setores público e privado, Moretti destacou a fixação biológica de nitrogênio no plantio da soja; o manejo animal para correção da fertilidade do solo e o sistema de integração lavoura-pecuária-floresta. “Só com a fixação biológica de nitrogênio, no ano passado, o Brasil economizou 28 bilhões de reais deixando de importar mais adubo nitrogenado”, ressaltou.
O cálculo para obtenção do lucro social também leva em conta o orçamento de quase 3,8 bilhões de reais colocado à disposição da empresa no ano passado. Esse valor foi suplementado pelo aporte de recursos privados, disse Moretti, ao ressaltar que, em 2020, a diretoria da Embrapa reforçou a estratégia de buscar mais apoio na iniciativa privada.
“Em 2018, apenas 6% de nossa carteira de projetos era financiada pelo setor privado. Em 2021, chegamos a 20%. Nossa meta é, até 2023, chegar a 40% de nossos projetos vinculados ao setor privado”, revelou Moretti, sem precisar quanto a participação representa em valores. “Em termos globais, posso dizer que o Tesouro Nacional financia em torno de 60% da programação de pesquisa da Embrapa, e que o setor privado, que tem participação em 20% dos projetos, financia cerca de 35% deles.”
Com pesquisas em andamento, novos projetos e produtos prestes a ser lançados, a Embrapa ainda não sabe ao certo o montante de dinheiro lhe foi reservado no Orçamento sancionado na semana passada.
“Ainda não temos os números finais”, afirmou Moretti, dizendo ter se reunido com a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, nesta segunda-feira, 26, para tratar do assunto. “Estamos discutindo. Este ano, com a saída de 1.200 colegas no PDV [Plano de Demissão Voluntária], há uma natural redução orçamentária, mas estamos trabalhando para que os recursos para despesas operacionais, custeio e investimento, permaneçam nos mesmos níveis do ano passado. Dado o contexto da pandemia, as dificuldades econômicas e a queda do PIB [produto interno bruto], se conseguirmos manter o padrão, estaremos satisfeitos”, comentou Moretti, antes de defender a existência da empresa pública.
“Creio que o fantasma da privatização da Embrapa foi exorcizado. Trabalhamos muito bem para isso”, brincou o presidente da estatal.
“Entendo que a Embrapa tem um papel primordial em prover segurança alimentar à população brasileira e de mais de 170 países. [Sua manutenção] não é nem mais só uma questão de segurança alimentar, mas sim de segurança nacional. Imaginem um setor como o agro, responsável por 21% do PIB brasileiro, não ter uma empresa pública que cuide de um banco genético como o nosso, que reúne mais de 120.000 amostras de plantas, animais e micro-organismos. Em meio a esta pandemia, todos viram quanto a ciência foi, está sendo e continuará sendo importante para vencermos os desafios. Agora, imaginem se aparece uma doença tão séria como a covid-19 [e atinge o plantio] de soja, tomate, frango ou [a criação de] gado etc. Onde buscaremos variabilidade genética para resolver o problema? No banco genético da Embrapa”, acrescentou Moretti.