Suco de laranja: a participação dos EUA nas exportações foi de 49% do total, sendo o principal destino dos embarques brasileiros no primeiro trimestre da nova temporada
Repórter de agro e macroeconomia
Publicado em 10 de outubro de 2025 às 12h16.
As exportações de suco de laranja brasileiro para os Estados Unidos cresceram 38% no primeiro trimestre da safra 2025/26 (de julho a setembro). Nesse período, os EUA importaram 92,7 mil toneladas de FCOJ (Suco de Laranja Concentrado Congelado), com receita de US$ 310 milhões, um aumento de 17% em relação ao mesmo intervalo de 2024/25. Os dados foram divulgados nesta sexta-feira, 10, pela CitrusBR.
Diferentemente da carne e do café, o suco de laranja foi um dos produtos brasileiros isentos da tarifa adicional de 50% imposta pelo presidente dos EUA, Donald Trump.
Os EUA foram responsáveis por 49% das exportações brasileiras, consolidando-se como o principal destino dos embarques no primeiro trimestre da nova temporada, mostra a CitrusBR.
Por outro lado, os embarques para a Europa caíram 23% de julho a setembro, totalizando 89 mil toneladas, em razão da falta de demanda, segundo Ibiapaba Netto, diretor-executivo da CitrusBR.
“O sentimento geral é que os altos preços da safra passada, aliados a problemas de qualidade causados pelo clima, influenciaram as escolhas dos consumidores, que migraram para outros produtos”, afirmou em nota.
Apesar da queda, a Europa continua sendo o segundo principal mercado, com uma participação de 47,8%. Em termos de receita, o recuo foi de 31%, totalizando US$ 363,4 milhões.
As exportações de suco de laranja para a China recuaram 44%, somando 3,4 mil toneladas. Em termos de receita, a queda foi de 34%, totalizando US$ 18,9 milhões, com o país asiático correspondendo a 2% dos embarques brasileiros.
O Japão registrou a maior queda nas compras de suco de laranja brasileiro: 69% em volume (1,6 mil toneladas) e 62% em receita (US$ 25,1 milhões).
No primeiro trimestre, o Brasil embarcou 189 mil toneladas de suco de laranja, uma queda de 4,4% em relação ao mesmo período da temporada anterior. Em termos de receita, os envios totalizaram US$ 713,6 milhões, o que representa um recuo de 17,6%, reflexo da maior oferta de fruta.
Segundo Ibiapaba Netto, diretor-executivo da CitrusBR, este início de safra é atípico. Até meados de agosto, apenas 25% da safra atual havia sido colhida, um ritmo significativamente mais lento do que o observado no mesmo período da safra anterior, quando a colheita já atingia cerca de 50%.
O clima mais frio, em comparação com outros anos, atrasou a maturação dos frutos e retardou o início da colheita.
“Além disso, o mercado está mais exigente quanto à qualidade, o que exige frutas com maturação correta — e isso afeta o ritmo da colheita e do processamento”, afirma Netto. Para ele, esse cenário impacta diretamente o ritmo de produção de suco e, consequentemente, as exportações no início desta safra.
Na safra 2024/25, as exportações brasileiras de suco de laranja atingiram a maior receita já registrada, totalizando US$ 3,31 bilhões, um aumento de 31,4% em relação ao ciclo anterior.
Por outro lado, o volume embarcado foi o menor da série histórica, iniciada em 1997. Foram enviadas 745.593 toneladas, uma retração de 21,7%.
Como mostrou EXAME, o setor de suco de laranja enfrenta uma situação complexa. As cotações da commodity subiram na safra 2023/24 por causa à menor oferta de laranja no Brasil. Embora o aumento dos preços seja positivo para os produtores, a demanda por parte dos compradores diminuiu.
Esse cenário cria uma situação inusitada: de um lado, a menor oferta de fruta faz o preço subir, permitindo ao produtor vender a preços nunca antes vistos. No entanto, o comprador tenta ao máximo contornar os custos.
Como resultado, o preço do suco de laranja nos mercados continua a subir, e as marcas recorrem a novas misturas, como o néctar, que contém mais água e menos fruta.