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Em meio a tarifaço, Japão deve abrir mercado para carne bovina brasileira em novembro, diz Abiec

Afirmação foi feita durante ‘Agro em Pauta’ da EXAME

Roberto Perosa: Estamos aguardando um anúncio positivo, com a previsão até novembro, quando o primeiro-ministro japonês estará no Brasil para participar da COP30", afirmou durante o programa Agro em Pauta da EXAME. (Gunter Werk)

Roberto Perosa: Estamos aguardando um anúncio positivo, com a previsão até novembro, quando o primeiro-ministro japonês estará no Brasil para participar da COP30", afirmou durante o programa Agro em Pauta da EXAME. (Gunter Werk)

César H. S. Rezende
César H. S. Rezende

Repórter de agro e macroeconomia

Publicado em 30 de julho de 2025 às 11h22.

Última atualização em 30 de julho de 2025 às 12h53.

Em meio à guerra tarifária em curso, promovida pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, o Japão deve anunciar em novembro a abertura de seu mercado para a carne bovina brasileira, afirmou Roberto Perosa, presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec).

"Nossa expectativa é que, após a declaração de que o Brasil está livre de febre aftosa em todo o território, sem vacinação, todos os estados do país tenham a oportunidade de exportar para o Japão. Estamos aguardando um anúncio positivo, com a previsão até novembro, quando o primeiro-ministro japonês estará no Brasil para participar da COP30", afirmou Perosa durante o programa Agro em Pauta da EXAME.

LEIA MAIS: Os novos portos da carne brasileira, segundo Roberto Perosa

Como adiantado pela EXAME em janeiro, a expectativa do governo para 2025 é que Japão, Turquia, Vietnã e Coreia do Sul — que juntos representam cerca de 30% da demanda global por carne bovina — abram suas portas para a proteína brasileira. Até agora, apenas o Vietnã anunciou a abertura.

Em relação à Turquia, Perosa disse que tanto o governo brasileiro quanto o turco estão acertando 'detalhes técnicos' para viabilizar a exportação.

"A Turquia busca garantias sobre os animais que serão exportados, incluindo testes para a presença de substâncias específicas na ração e no próprio animal. Estamos avaliando como atender a essas exigências sem causar impactos no setor produtivo", afirmou Perosa.

Por outro lado, a Coreia do Sul apresenta as maiores incertezas sobre o tema. Em crise política desde dezembro de 2024, quando o presidente sul-coreano Yoon Suk Yeol teve seu impeachment decretado pela Corte Constitucional, o país asiático está com as negociações mais atrasadas, segundo Perosa.

"Apesar disso, o Ministério da Agricultura [Mapa], por meio do secretário Luiz Rua, deverá visitar a Coreia do Sul nos próximos meses para retomar as negociações", afirmou.

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Tarifaço de Trump

Durante a entrevista, Perosa também afirmou que as novas tarifas de Trump contra produtos brasileiros poderão inicialmente levar à redução dos preços da carne no Brasil, mas a longo prazo poderão desestruturar o setor e reduzir a oferta do produto.

"Em um primeiro momento, a desestruturação da cadeia interna pode baixar os preços internamente, mas no futuro, pode faltar carne, como já está acontecendo nos Estados Unidos", disse.

Perosa explicou que as exportações de carne para os EUA somam cerca de 400 mil toneladas por ano, e que o Brasil não teria capacidade para absorver esse excedente.

"Não temos uma alternativa de mercado tão acessível quanto o americano. Um grande volume, com preços competitivos, não existe. Não há mercado que absorva 400 mil toneladas", afirmou.

Segundo cálculos da Abiec, caso a tarifa americana entre em vigor na sexta-feira, 1º, o setor de carne bovina do Brasil pode perder até US$ 1 bilhão neste ano.

"É um grande impacto para a cadeia, que não tem uma reacomodação imediata. Claro, existem outros destinos para os produtos, mas nenhum com a mesma característica do mercado americano, com esse tipo de corte e essa demanda de volume", afirmou.

De janeiro a junho de 2025, os embarques brasileiros para os EUA cresceram 113% em relação ao primeiro semestre de 2024, totalizando 181,5 mil toneladas, segundo a Abiec. A receita alcançou US$ 1 bilhão, um aumento de 102%.

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