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Em meio à disparada nos preços do arroz no Japão, acordo comercial com EUA segue sem sair do papel

Em 2024, o Japão importou 346 mil toneladas de arroz americano

Arroz: impasse pode reduzir compras japonesas de outros fornecedores globais (Getty Images)

Arroz: impasse pode reduzir compras japonesas de outros fornecedores globais (Getty Images)

Publicado em 1 de setembro de 2025 às 10h27.

O arroz continua sendo um ponto de discórdia nas negociações entre Japão e Estados Unidos para implementar o acordo comercial fechado em julho, no qual grande parte ainda não saiu do papel.

Na tratativa assinada naquele mês, ficou definido que os importadores americanos passarão a pagar tarifas recíprocas de 15% sobre produtos japoneses exportados para os Estados Unidos. Além disso, o Japão se comprometeu a investir US$ 550 bilhões no país, segundo informou o presidente dos EUA, Donald Trump.

Segundo a Bloomberg, Hiroshi Moriyama, o secretário-geral do Partido Liberal Democrata, intensificou no fim de semana a defesa do alimento básico japonês.

A reação veio após o jornal Nikkei noticiar que o principal negociador do país, Ryosei Akazawa, cancelou uma viagem a Washington. De acordo com a publicação, os EUA haviam proposto incluir a ampliação das importações de arroz americano pelo Japão em um decreto presidencial.

O Nikkei também informou que a gestão Trump sugeriu cortes nas tarifas japonesas sobre produtos agrícolas. Para Tóquio, essa medida não faria parte do acordo firmado em julho.

Os impasses ocorrem em um momento delicado para o Japão, que enfrenta a disparada dos preços do arroz em função da menor oferta do grão.

Em junho, o preço médio de uma saca de 60 kg de arroz colhido em 2024 atingiu o recorde de mais de US$ 184, ou R$ 1.029. Nos supermercados, o pacote de 5 kg dobrou de valor, chegando a US$ 29,62, ou R$ 172,40

Divergências no acordo

O Japão tenta convencer os EUA a cumprir a redução das tarifas sobre automóveis de 27,5% para 15% e a eliminação da sobreposição de tarifas universais sobre impostos já existentes. Nenhuma dessas medidas, porém, foi implementada por decreto até o momento.

Autoridades japonesas reforçam que o pacto não previa reduções tarifárias para produtos americanos, mas sim um plano de investimentos de US$ 550 bilhões nos EUA como um dos pilares do acordo.

A divergência sobre o arroz mostra interpretações diferentes do que foi assinado. A Casa Branca divulgou que o Japão aumentaria imediatamente em 75% as importações de arroz dos EUA, com expansão das cotas de entrada.

Já o ministro da Agricultura japonês afirmou que esse volume se limitaria ao teto de importações livres de tarifa já existente, sem impacto sobre os produtores locais.

Em 2024, o Japão importou 346 mil toneladas de arroz americano. As compras totais de arroz estrangeiro sem tarifa foram de 770 mil toneladas, o equivalente a cerca de 11% da demanda interna. Uma alta de 75% na cota americana elevaria esse número para cerca de 600 mil toneladas, potencialmente reduzindo compras de outros fornecedores, como Tailândia, Austrália e China.

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