A Gás Verde, produtora de biometano, anunciou que investirá R$ 926 milhões até 2028 para expandir a produção do combustível renovável no Brasil. Com esses aportes, a empresa projeta alcançar um faturamento anual de R$ 2,5 bilhões — a estimativa para 2025 é R$ 385 milhões em faturamento.
Segundo o CEO Marcel Jorand, nos próximos 30 meses, a prioridade será a entrega de dez novas plantas em fase de planejamento. A meta, diz ele, é consolidar as unidades antes de desenvolver uma estratégia voltada para a exportação do combustível.
“Estamos construindo o futuro da empresa com esse plano. Nosso desafio é garantir que cada unidade entre em operação no prazo, com clientes já contratados e capacidade para atender ao mercado interno”, disse Jorand.
Com os investimentos, o objetivo é atingir uma produção de 650 mil metros cúbicos de biometano por dia até o fim de 2028 — um crescimento de 225% em relação aos 200 mil m³ produzidos atualmente.
O biometano é um gás renovável capaz de substituir combustíveis fósseis, como gás natural e diesel. Ele é gerado a partir do processamento do biogás, obtido de resíduos orgânicos urbanos e agropecuários.
A Gás Verde, que integra o grupo Urca Energia, é especializada na produção e comercialização de biometano proveniente do biogás de resíduos agrícolas e aterros sanitários, como o Centro de Tratamento de Resíduos do Rio (CTR Rio), em Seropédica (RJ).
A companhia possui 12 unidades operacionais em sete estados. Dessas, dez plantas geram energia elétrica a partir do biogás e duas já produzem biometano. “Agora estamos em um movimento de trocar as usinas térmicas por plantas dedicadas”, afirmou Jorand.
Ele destaca que a empresa está aproveitando o momento favorável no Brasil, após a aprovação da Lei do Combustível do Futuro, em 2024. Para o executivo, a legislação é fundamental para impulsionar o biometano e outros combustíveis de baixo carbono no país.
“O principal avanço foi a criação do certificado de origem do biometano (Cegob). O cliente busca descarbonizar e precisa de garantias sobre a origem do produto. Antes, cada empresa fazia seu próprio controle. Agora, com a ANP regulamentando, temos credibilidade e padronização”, afirmou.
O mercado de biometano no Brasil pode atingir US$ 15 bilhões até 2040, o que representaria 50% da demanda nacional de gás natural, segundo projeções da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), vinculada ao Ministério de Minas e Energia (MME).
Atualmente, a produção nacional de biometano gira em torno de 500 mil m³ por dia, sendo 160 mil m³ provenientes da Gás Verde. Entre os clientes da companhia estão Ambev, Scania e Henkel — esta última firmou acordo em março deste ano.
Além disso, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) aprovou neste ano R$ 131,1 milhões em financiamentos para apoiar duas iniciativas da empresa.
Uma delas é a implantação da primeira planta de CO2 verde do Brasil, em Seropédica (RJ), que vai produzir 100 toneladas de CO2 de grau alimentício por dia.
A outra iniciativa é a construção de uma usina de biometano em Igarassu (PE), financiada integralmente pelo Fundo Clima, com capacidade projetada de 40 mil metros cúbicos por dia.
“Decidimos ir além: vamos purificar o CO2, transformando-o em um produto comercializável. É um passo importante para reduzir as emissões e mostrar que é possível operar com resíduo zero”, afirmou o executivo.