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Energia limpa gerada de dejetos de suínos abastece as casas de colaboradores que moram na fazenda e o sistema de distribuição de adubos em pastos, entre outros. (Chris Winsor/Getty Images)
EXAME Solutions
Publicado em 25 de abril de 2024 às 15h23.
Última atualização em 25 de abril de 2024 às 15h44.
Dejetos de animais agora se tornam energia limpa em algumas fazendas produtoras de suínos do Brasil. É o caso das granjas do veterinário Celso Philippi Júnior, que abastece suas propriedades a partir da energia gerada dessa forma.
Ele conta que, em suas duas granjas, são produzidos 50 mil kWh de energia por mês. Essa energia limpa, entre outras coisas, abastece as casas de colaboradores que moram na fazenda e o sistema de distribuição de adubos em pastos.
Segundo Philippi, a energia limpa gerada dos dejetos dos porcos já supre 70% da necessidade energética mensal do local. “Isso mostra a potência da suinocultura”, afirma.
As granjas de Philippi estão localizadas em Jateí e em Glória de Dourados, municípios do Mato Grosso do Sul. Cada uma das fazendas recebeu R$ 1 milhão em investimentos para a instalação dos biodigestores, equipamento capaz de transformar os dejetos em energia limpa.
Philippi diz que, em cerca de três anos, colheu o retorno desse investimento.
Para além da economia com a conta de energia, a instalação dos biodigestores pode representar um incremento de renda dos produtores, por meio da comercialização da energia limpa obtida dos dejetos dos animais.
Essa é a realidade de Edson Orsolin. Produtor de suínos na cidade de Caibi, em Santa Catarina, ele consegue gerar cerca de 60 mil kWh por mês de energia elétrica renovável. Desses, 20 mil kWh são destinados para consumo da propriedade. Os outros 40 mil kWh são comercializados, adicionando R$ 15 mil por mês ao faturamento do produtor. “Minha expectativa é obter o retorno sobre o investimento em cinco anos”, diz Orsolin.
Tanto a granja de Philippi quanto a de Orsolin são parceiras da Seara, marca da JBS, uma das maiores empresas brasileiras do setor de alimentos.
A companhia, que tem a meta de se tornar net zero até 2040, diz incentivar os produtores integrados a aderirem ao uso de biodigestores, que transforma o gás metano dos dejetos dos animais em combustível utilizado como fonte para geração de energia elétrica.
Atualmente, informa a companhia, cerca de 30% das propriedades de suinocultura integradas da Seara com potencial para instalação de biodigestores já contam com o equipamento. O Centro-Oeste concentra a maior quantidade dessas granjas.
Os biodigestores são estruturas de concreto cobertas por lona que estimulam a fermentação da matéria orgânica, liberando o gás produzido por meio da fermentação dos dejetos. É uma espécie de bolha que armazena o gás metano que será transformado no combustível utilizado pelos geradores para a produção de energia elétrica na granja.