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Agronegócio: oportunidades no setor que mais cresce passa por empreendedorismo, investimentos e fornecimento de insumos (Cristiano Mariz/Exame)
Beatriz Correia
Publicado em 1 de julho de 2022 às 15h00.
Última atualização em 28 de julho de 2022 às 21h07.
No ciclo 2021/22, a produção brasileira de grãos deverá atingir 272,5 milhões de toneladas, a maior já registrada na história do país. A previsão é da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e dá uma boa ideia do excelente momento que vive o agronegócio nacional. Em 2021, o setor alcançou a maior participação no Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil desde 2004. Responde hoje por 27,4% de todas as riquezas produzidas no país.
A cadeia produtiva do agro é vasta e vai muito além do campo. Gera oportunidades para empresas dos mais variados setores de atuação, de produção de insumos e logística à gestão de comércio exterior, passando por startups que desenvolvem soluções inovadoras avançadas.
De acordo com um levantamento realizado pelo Centro de Estudos de Economia Agrícola da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz de Piracicaba (Cepea/Esalq), um em cada três trabalhadores brasileiros atua, direta ou indiretamente, no agronegócio. São 19 milhões de pessoas ao todo, o equivalente à população de Minas Gerais, que é o segundo estado mais populoso do país.
Importante empregador, dinâmico, atento a novas tecnologias e ao mercado internacional, o agro permanece crescendo, de forma consistente, há pelo menos três décadas. E investe em soluções que permitem produzir mais, em menores espaços, de forma sustentável. Por isso mesmo, gera oportunidades enormes para empreendedores e investidores.
ENTENDA POR QUE O AGRONEGÓCIO É DECISIVO PARA A ECONOMIA DO PAÍS
O mercado do agronegócio se diversifica e encontra oportunidades nas áreas de onde menos se espera, inclusive terras degradadas. Entre 2010 e 2018, segundo um estudo desenvolvido pela Universidade Federal de Goiás (UFGO), 27 milhões de hectares foram recuperados por pessoas como os produtores rurais Gustavo Fernandes e Patricia Campiol, de Campinas, que transformaram o Sítio Vale das Cabras num oásis em que árvores diversas espécies de hortaliças, legumes e frutas convivem.
O local de 5 mil metros quadrados hoje produz mais de 200 quilos de alimentos orgânicos por mês. Quanto às árvores, são comercializadas como madeira. A fim de incentivar a biodiversidade, os produtores utilizam o sistema de integração entre agricultura e floresta, que concilia plantio com a manutenção de áreas intocadas.
Num outro extremo, as fazendas verticais ganham vida em grandes cidades, como São Paulo. É o caso da 100% Livre, localizada em uma antiga área industrial da capital paulista. Utiliza técnicas de cultivo que dispensam terra e luz solar para mais de 90 mil unidades de hortaliças por mês. Esta é uma tendência global: o mercado de agricultura vertical cresceu 20% em 2021 e movimentou US$ 3,6 bilhões, segundo a consultoria MarketsandMarkets.
Estes e outros casos de sucesso estão no canal de YouTube EXAME Agro, que apresenta também as pesquisas da Embrapa com biofertilizantes e bioinsumos capazes de gerar energia. E aborda o enorme sucesso da Agrishow, a maior feira a céu aberto do mundo, realizada em Ribeirão Preto (SP) depois de dois anos suspensa por causa da pandemia.
O evento gerou R$ 11,2 bilhões em negócios, quase o triplo da última edição, em 2019. E deixou claro o quando digitalização, agricultura 4.0, produtividade e sustentabilidade são palavras de ordem em um setor em que as máquinas, por exemplo, são agora estações de trabalho completas, autônomas, capazes de utilizar diversos computadores embarcados para gerar dados que, acessados em tempo real em nuvem, permitem ao produtor tomar decisões cada dia mais ágeis e precisas.
QUERO CONHECER HISTÓRIAS INSPIRADORAS DO AGRO BRASILEIRO
Tradicionalmente distante do mercado de ações, o agro vem mudando essa situação rapidamente. Apenas em 2021, quatro grandes empresas do setor abriram capital na B3. Muitos destes papéis acompanham o ótimo momento do agro e vêm alcançando valorização expressiva. E esta nem é a única forma de investir no agro sem sair de casa.
Um dos principais mecanismos de financiamento da cadeia produtiva do setor, a Cédula do Produto Rural (CPR) é um título de renda fixa, assim como os Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRA), ancorados nos financiamentos realizados pelos produtores. A rentabilidade líquida costuma superar a do Tesouro Direto.
Para acompanhar as principais notícias do setor, acompanhe a página especial de EXAME sobre o tema.
Também é possível procurar pelas Letras de Crédito do Agronegócio (LCA), títulos de renda fixa utilizados pelas instituições financeiras para captar recursos destinados ao financiamento da cadeia do agronegócio.
Por fim, inspirado nos Fundos de Investimentos Imobiliários (FIIs), surgiu no ano passado o Fundo de Investimento nas Cadeias Produtivas Agroindustriais (Fiagro). O produto é um sucesso: experimentou um salto de 419% no número de investidores desde o lançamento oficial. Sinal de que o agro é um sucesso, e não apenas no campo.