Consumidores japoneses correram para estocar arroz, esvaziando as prateleiras dos comércios por semanas (jcomp/freepik)
Agência de Notícias
Publicado em 24 de março de 2025 às 09h55.
A quantidade média de arroz adquirida pelas famílias japonesas em 2024 aumentou 6,3%, representando o primeiro crescimento em quatro anos, em meio ao temor de escassez desse alimento básico da dieta local, após compras de pânico que elevaram os preços a níveis recordes.
O volume de arroz comprado por lares com dois ou mais integrantes foi de 60,20 quilos, 3,55 quilos a mais que em 2023, segundo dados recém-divulgados pelo Ministério do Interior. Trata-se do primeiro aumento desde 2020, quando a demanda cresceu por causa da pandemia de covid-19.
Os preços do arroz seguem em níveis recordes no contexto de uma inflação generalizada no país asiático e das compras de pânico provocadas pela decisão do governo de emitir, no verão passado, um alerta especial diante da crescente probabilidade de um grande terremoto na chamada fossa de Nankai.
Diante disso, os consumidores japoneses correram para estocar arroz, esvaziando as prateleiras dos comércios por semanas, enquanto o estoque do setor privado caiu para seu nível mais baixo em um quarto de século.
O preço do cereal vem subindo desde então. Somente em fevereiro, o arroz teve um aumento de 80,9% em relação ao mesmo mês do ano anterior — a maior variação registrada desde que dados comparáveis começaram a ser coletados, em 1971.
O volume de compras de arroz pelas famílias japonesas permaneceu praticamente estável até julho passado, mas cresceu 29% em agosto após a declaração do alerta sísmico.
As aquisições do cereal continuaram acima dos níveis de 2023 até dezembro, mesmo com os preços elevados e a chegada ao mercado das colheitas de outono, segundo relatório do governo divulgado pela agência de notícias Kyodo.
O volume caiu levemente em dezembro, mas a ansiedade dos consumidores aumentou depois disso, diante da expectativa persistente de uma alta prolongada dos preços, criando um círculo vicioso, segundo analistas.
Para tentar conter o encarecimento — impulsionado também pela especulação com estoques de arroz —, o governo japonês decidiu, em fevereiro, liberar 210 mil toneladas da reserva nacional no mercado aberto, algo inédito até agora.
Os primeiros leilões entre distribuidores foram realizados em meados de março, e os primeiros lotes dessas reservas devem chegar ao mercado no fim do mês. Resta saber se a medida terá impacto real na estabilização dos preços ao consumidor.