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Clima e biodiesel nos EUA elevam contratos futuros de soja em Chicago

Aumenta previsão de seca para região de Iowa e Illinois, enquanto política de biodiesel eleva cotação da soja e favorece mercado brasileiro

Caminhão é carregado com grãos de soja em Primavera do Leste (MT) (Arquivo) (Paulo Whitaker/Reuters)

Caminhão é carregado com grãos de soja em Primavera do Leste (MT) (Arquivo) (Paulo Whitaker/Reuters)

Mariana Grilli
Mariana Grilli

Repórter de Agro

Publicado em 22 de junho de 2023 às 13h38.

Rumores de que o clima adverso, provocado pelo El Niño, poderia reduzir a produção agrícola em diversos países levaram os contratos futuros de soja, milho e trigo dos Estados Unidos a valores elevados, nesta quarta-feira, 21. As estimativas do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) mostram risco de queda de produtividade para milho e soja nos principais estados produtores de Iowa e Illinois.

O sentimento ganhou força depois que o USDA avaliou as previsões climáticas para a região do Meio-Oeste americano, reduzindo a proporção de lavouras consideradas em boas condições de plantio de 59% para 54%. Na mesma época do ano passado, 68% das lavouras estavam nas melhores condições.

Leia mais: Exportação de soja bate recorde em maio, mas preço é o menor desde 2021

Neste cenário, os contratos futuros de soja com vencimento para julho subiram 2,54% nesta quarta-feira, na Bolsa de Chicago. O grão ficou cotado a US$ 15,1475 o bushel -- unidade que represeta 60 libras ou o equivalente a cerca de 27 quilos.

A alta reflete diretamente nos contratos travados no Brasil, cotados de acordo com Chicago, cujo prêmio adicional varia entre a capacidade de oferta e demanda entre os países. Se faltar grãos no mercado americano, é no Brasil que os importadores apostam suas fichas para garantir as commodities.

Biodiesel nos Estados Unidos

Além do fator climático, este comportamento dos contratos futuros da soja se deve à discussão da política de biodiesel nos Estados Unidos. O óleo de soja vegetal subiu mais de 7% em Chicago depois de a Agência Proteção Ambiental (EPA) anunciar o plano de biocombustível para o mercado.

De acordo com um regulamento anunciado na quarta-feira, a EPA está exigindo em 2023 o uso de 2,82 bilhões de galões de biodiesel na composição dos combustíveis. O biodiesel é feito a partir do óleo de soja ou canola. No geral, a EPA exigirá uma quantidade recorde de combustível renovável a ser misturado à gasolina e ao diesel nos próximos três anos – até 22,33 bilhões de galões em 2025.

A indústria da soja se mostrou descontente, pois alega que há capacidade produtiva para mais ambição, aumentando a participação do biodiesel ao combustível. Os preços do óleo de soja tiveram uma alta acentuada recentemente, esperando aumento substancial na regra final da EPA. Com isso, os preços subiram acima do valor das matéria-prima concorrente dos Estados Unidos, como é o caso do Brasil, que se beneficia do cenário americano. 

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