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Clima adverso afeta plantações de café e preço dobra desde 2020, chegando a R$ 50 por quilo

Só este ano, alta foi de 17%. Seca no Brasil e chuvas intensas no Vietnã, os dois maiores produtores globais, prejudicam colheita há vários anos

Agência o Globo
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Publicado em 9 de setembro de 2024 às 08h28.

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O clima adverso que castigou as plantações de café no Brasil e no Vietnã e a perspectiva de uma seca mais intensa nos próximos meses em território brasileiro fizeram os preços do café dispararem. É quase um "novo azeite", que também disparou nos últimos anos. Desde 2020, o preço do pó de café praticamente dobrou, com alta de 90% nos supermercados brasileiros.

Segundo pesquisa do Dieese, o quilo do tipo mais básico de pó de café está custando entre R$ 40 e R$ 50 em média nas capitais brasileiras. Além do clima adverso, a alta do dólar também influencia no preço mais caro do pó de café no Brasil, já que muitos exportadores estão preferindo ampliar a venda no mercado internacional.

Até agosto, o preço subiu 17,65% nas gôndolas dos supermercados. Com isso, mesmo após uma trégua em 2023, o café subiu 90% desde 2020.

Preços em alta no atacado

Caio Martine, gerente de inteligência de mercado da Scanntech, afirma que a alta nos preços foi influenciada por chuvas intensas no Vietnã. Os importadores de café vietnamitas buscaram então o grão brasileiro. Os produtores nacionais, por sua vez, priorizaram o mercado externo diante de um câmbio mais favorável:

— A partir de outubro do ano passado, o preço do (café no) Vietnã aumentou muito. Isso impacta diretamente no nosso consumo.

O Brasil responde por 39,7% da produção global de café, o Vietnã, por 16,5%, segundo dados do Departamento de Agricultura dos EUA. O terceiro maior produtor, a Colômbia, tem peso bem menor, de 7%.

O estudante Aerton Menezes conta que trocou o pacote de 500g de café pelo de 250g diante do aumento de preço.

— Reduzi o consumo em casa e agora tomo mais no trabalho.

E o produto vai continuar encarecendo, diante da alta no atacado. O Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da USP, que acompanha os preços das sacas de café nas principais regiões produtoras do país, constatou um recorde nas cotações do grão do tipo robusta em março, que vem se renovando desde então.

No mês passado, o preço chegou a R$ 1.483,95 por saca de 60 quilos, uma alta de 47% só este ano e o novo patamar mais alto já registrado pelo Cepea desde o início da série, em 2001.

O café do tipo arábica também está em alta e chegou a R$ 1.448,24 por 60 quilos. Mas criou a situação inusitada deste tipo de café custar mais que o arábica, o que não ocorria desde 2016. O Cepea destaca, em relatório, que as chuvas no Brasil têm sido aquém do necessário para o cultivo de café desde abril. Além disso, algumas áreas foram afetadas por geadas e há a perspectiva de que a seca se prolongue nos próximos meses.

O café do tipo arábica também está em alta e chegou a R$ 1.448,24 por 60 quilos. O Cepea destaca, em relatório, que as chuvas no Brasil têm sido aquém do necessário para o cultivo de café desde abril.

O café consumido no Brasil é uma mistura entre as principais variedades do grão. Em média, com dois terços de arábica e um terço de robusta. A diferença entre os dois tipos está no sabor: enquanto o arábica possui mais açúcares naturais e, consequentemente, um gosto mais doce, o robusta é mais amargo e intenso.

— O robusta entra no blend para ajudar a baratear o custo, entre outras coisas. Quando você tem um problema com essa variedade, isso com certeza irá refletir nos preços (para o consumidor final) — explica o pesquisador Renato Garcia Ribeiro, responsável pela área de café no Cepea.

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