Repórter
Publicado em 7 de novembro de 2025 às 06h21.
Última atualização em 7 de novembro de 2025 às 08h01.
A China anunciou nesta sexta-feira, 7, que a proibição de importações do Brasil por conta da gripe aviária foi suspensa. A decisão tem efeito imediato e, segundo a Administração Geral de Alfândegas da China, foi tomada “com base nos resultados da análise de risco”. O comunicado foi publicado nesta sexta, mas datado de 31 de outubro.
A medida havia sido imposta em 16 de maio, após a confirmação do primeiro e único caso de gripe aviária em uma granja comercial, no município de Montenegro, no Rio Grande do Sul. Na ocasião, Pequim estabeleceu um embargo nacional a todas as importações de aves e produtos relacionados provenientes do Brasil.
Segundo o comunicado das autoridades chinesas, a suspensão foi formalizada, mas os itens liberados ainda não foram especificados.
O Brasil é o maior exportador de carne de frango do mundo e o principal fornecedor do mercado chinês. Em 2024, o país exportou cerca de US$ 10 bilhões em carne de frango, o equivalente a aproximadamente 35% do comércio global do setor. A suspensão impactou tanto os produtores brasileiros quanto os grandes importadores da proteína.
Em volume, os embarques ao mercado chinês somaram mais de 560 mil toneladas em 2024, de um total exportado para 151 países, segundo dados da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA).
A suspensão havia sido adotada como medida preventiva, mas uma comitiva chinesa esteve no Brasil no fim de setembro para auditar o sistema de controle sanitário e verificar a contenção do surto. A visita foi decisiva para o anúncio desta sexta-feira.
As exportações brasileiras de carne de frango vêm crescendo desde 2018, quando o país embarcou 4,1 milhões de toneladas. A China, como maior mercado, tem papel central nesse avanço.
As exportações brasileiras de carne de frango, somando produtos in natura e processados, totalizaram 482,3 mil toneladas em setembro, segundo a ABPA.
Foi o melhor resultado mensal em 11 meses, ficando apenas 0,6% abaixo do volume registrado no mesmo período de 2024, quando foram embarcadas 485 mil toneladas.
A receita das exportações atingiu US$ 857,9 milhões em setembro, valor 10,1% menor em relação ao mesmo mês do ano anterior, que havia somado US$ 953,8 milhões.
De janeiro a setembro, o Brasil exportou 3,876 milhões de toneladas, volume 1% inferior ao dos nove primeiros meses de 2024. A receita acumulada chegou a US$ 7,166 bilhões, uma leve queda de 1,5% em comparação ao mesmo período do ano passado.
Pela primeira vez, a África do Sul liderou o ranking mensal de importadores da carne de frango brasileira, com 38,7 mil toneladas embarcadas — aumento de 35,9% em relação a 2024. Em seguida aparecem os Emirados Árabes Unidos, México, Japão, Arábia Saudita, Filipinas, Coreia do Sul, Chile, Iraque e Hong Kong.
De acordo com o presidente da ABPA, Ricardo Santin, a retomada da demanda global indica confiança na segurança sanitária brasileira.
Entre os estados exportadores, o Paraná manteve a liderança, com 182,3 mil toneladas embarcadas em setembro, seguido por Santa Catarina (116,7 mil), Rio Grande do Sul (65,2 mil), São Paulo (31,1 mil) e Goiás (21,6 mil).