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China compra soja da Argentina após suspensão de tarifa de exportação

Negócio é mais um revés para os agricultores americanos, cujo produto passou a ser sobretaxado em 20% devido à guerra comercial entre as duas principais potências mundiais

Agência o Globo
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Publicado em 23 de setembro de 2025 às 12h24.

Última atualização em 23 de setembro de 2025 às 13h13.

Empresas de trading sediadas na China adquiriram dez carregamentos de soja argentina, após o governo do presidente Javier Milei anunciar, na segunda-feira, a suspensão temporária dos impostos de exportação sobre várias commodities agrícolas do país.

Por um lado, a compra ajuda a economia argentina, que verá mais dólares entrando no país, o que ajuda a aliviar a pressão sobre o peso. Isentos do tributo de exportação, os produtores de soja passam a receber, em pesos, 25% mais por cada dólar de receita.
Por outro lado, o movimento chinês representa um revés para os agricultores americanos, que estão deixando de faturar bilhões de dólares em vendas de soja para a China em meio à principal temporada de venda do grão.

Devido à guerra tarifária entre EUA e China, a soja americana está sendo tributada com uma alíquota adicional de 20%, o que já vinha levando empresas chinesas a comprarem menos do país.

Ironicamente, a compra de soja argentina pela China também ocorre num momento em que os EUA estão sinalizando socorro ao governo Milei.
A nação asiática é a maior importadora mundial de soja, tornando suas compras alvo de intensa atenção no mercado global.

— Isso mostra claramente que a China não precisa da soja dos EUA — afirmou à agência Reuters um trader, que preferiu não ser identificado. A agência foi a primeira a noticiar a transação.

A China também está comprando mais soja do Brasil. Antes mesmo do tarifaço de Trump, os embarques de soja para Pequim já vinham crescendo. De janeiro a março, a alta foi de 34%, somando US$ 6,7 bilhões.

Segundo fontes que pediram para manter o anonimato, as cargas — todas em navios do tipo Panamax, de 65 mil toneladas cada um — devem ser embarcadas em novembro.
As importações chinesas de soja atingiram níveis recordes em maio, junho, julho e agosto, elevando os estoques — em parte como forma de proteção dos compradores contra possíveis interrupções de oferta no quarto trimestre.

Pela primeira vez desde pelo menos os anos 1990, a China não comprou soja dos EUA no início da temporada de exportações, sinal de que Pequim está novamente utilizando a agricultura como parte de sua estratégia comercial contra Washington.

Dados do Departamento de Agricultura dos EUA mostram que a China não havia reservado nenhum carregamento até 11 de setembro, quase duas semanas após o início do novo ano de comercialização — a primeira vez em registros que remontam a 1999.

No ano passado, os EUA representaram um quinto das importações de soja chinesas, no valor de mais de US$ 12 bilhões, correspondendo a mais da metade do valor total das exportações de soja americana.

No fim de junho, a China comprou, pela primeira vez, farelo de soja da Argentina, em meio à guerra comercial iniciada por Trump. Os argentinos são os maiores exportadores globais de farelo de soja, e Pequim tinha autorizado a importação desse importante insumo para ração animal em 2019. Mas, desde então, nenhuma compra efetiva havia se concretizado.

(*) Com informações da Reuters

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