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Publicado em 23 de junho de 2025 às 15h35.
Em Chengdu, província de Sichuan, técnicos agrícolas monitoram a produção de arroz em campos próximos ao sítio arqueológico de Baodun, datado de 4.500 anos.
Utilizando uma plataforma inteligente, a tecnologia digital está desempenhando um papel essencial na renovação das práticas agrícolas dessa região, que sempre foi um centro de tradição agrícola milenar.
O sítio de Baodun pertence à fase final do Neolítico, o último período da Idade da Pedra, e abriga vestígios vegetais como grãos de arroz carbonizados, painço e milheto, que comprovam a longa história da agricultura na China.
No local, onde há mais de 4.000 anos a agricultura já era praticada, cientistas da Universidade Agrícola de Sichuan estão desenvolvendo o arroz “Tianfu Yanzhi Xiangya”.
Através da modelagem com inteligência artificial, os pesquisadores conseguem simular híbridos de arroz, reduzindo significativamente o tempo necessário para o desenvolvimento do cultivo em comparação com os métodos tradicionais, que exigem o cultivo completo para validar os resultados.
A inovação não se limita ao cultivo do arroz. Equipamentos agrícolas de ponta, como tratores autônomos, plantadeiras automáticas, pulverizadores inteligentes e plataformas digitais para medição de colheita, estão sendo utilizados para testar novos paradigmas de bioengenharia agrícola.
Essa integração entre tradição e tecnologia digital está impulsionando o setor agrícola de Sichuan a novos patamares de eficiência e sustentabilidade.
A inovação tecnológica também está moldando o futuro cultural e comercial da região. Segundo Yuan Zhouping, diretor do Departamento de Indústria Agrícola da Tianfu Agricultural Expo Park Investment, Chengdu criou um parque de exposições que integra cultura, comércio, agricultura, turismo e esportes.
Este parque transforma os campos agrícolas em espaços para eventos culturais, como feiras, mercados e exposições ao ar livre, ampliando o impacto da agricultura no cenário cultural e econômico local.
Além do arroz, a planície de Chengdu é rica em outras tradições agrícolas e culturais. A região abriga plantações de amoreiras e linho, e é uma das primeiras a desenvolver técnicas de criação de bichos-da-seda, fiação e tecelagem. Registros históricos indicam que, entre 770 e 476 a.C., os antigos Shu comercializavam tecidos de seda com o Estado de Qin.
No Museu da Seda de Sichuan, uma máquina de tecelagem Shu Jin da Dinastia Tang está em exibição, com 6 metros de comprimento e 5 metros de altura. Ela reflete princípios de tecnologia semelhantes ao sistema binário, uma evidência da engenhosidade da civilização do século VIII.
A empresa Sichuan Shujing Cultural Communication, centro de preservação do bordado e da seda de Shu, promove a integração entre a tradição e a tecnologia. Desde 2016, o centro utiliza tecnologia de imagem digital para transformar desenhos personalizados em padrões de tecido, que são produzidos por máquinas e posteriormente bordados à mão por artesãos. Essa combinação de inteligência artificial e artesanato tem reduzido o tempo de produção e garantido exclusividade a cada peça.
A "Nova Seda com IA", como é chamada a coleção, amplia as possibilidades do artesanato tradicional e transforma o consumidor em um co-criador. Segundo Zhong Ming, diretora do Shu Jing Hall, essa inovação "atende às demandas do mercado e leva o bordado de Shu a milhares de lares".
A relação entre as civilizações antigas e as inovações tecnológicas também se reflete em outros pontos históricos da região. Em 1024, a planície de Chengdu emitiu o primeiro papel-moeda oficial do mundo, o “Jiaozi”. No Museu de Arte de Chengdu, a exposição “A Floresta do Belo – Arte de Han Meilin” mistura arte tradicional e arte contemporânea, inspirada em moedas antigas e xilogravuras.
No Museu do Sítio de Jinsha, um produto cultural une elementos do sítio arqueológico de Sanxingdui, como a máscara dourada, com o pássaro solar de Jinsha e a cerâmica de Qiongyao. Esses itens são vendidos por meio de plataformas de transmissão ao vivo, atraindo um público jovem e digitalmente conectado.
A inovação digital também chega ao museu por meio da guia virtual inteligente “Atena”, que interage com os visitantes. Utilizando tecnologias como reconhecimento e síntese de voz e inteligência artificial generativa, a guia oferece explicações, tira selfies e responde perguntas em tempo real, criando uma experiência imersiva para os turistas.
Entre os destaques do museu está o ornamento de ouro com o pássaro solar, símbolo do patrimônio cultural da China, que permanece como um ícone da antiga civilização de Shu. Esse artefato, que remonta às dinastias Shang e Zhou, continua a ser relevante graças ao apoio das tecnologias digitais que ajudam a manter vivo esse legado.