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Carrefour: grupo passou a prever R$ 3 bilhões de sinergias até o fim de 2025 (Carrefour/Divulgação)
Repórter de agro e macroeconomia
Publicado em 25 de novembro de 2024 às 10h42.
Última atualização em 25 de novembro de 2024 às 10h51.
A rede de supermercados Carrefour confirmou nesta segunda-feira, 25, a suspensão do fornecimento de carnes por frigoríficos brasileiros.
"Estamos em diálogo constante na busca de soluções que viabilizem a retomada do abastecimento de carne em nossas lojas o mais rápido possível", informou o Carrefour em nota. A rede, no entanto, destacou que não há desabastecimento de carnes nas lojas do grupo.
Na sexta-feira, 22, fontes do setor pecuário confirmaram que frigoríficos brasileiros interromperam o fornecimento de carne ao Carrefour no Brasil. A decisão inclui também o Sam's Club e o Atacadão, ambos pertencentes ao conglomerado francês.
A medida foi uma resposta à declaração de Alexandre Bompard, CEO global do Carrefour, feita na quarta-feira, 20, sobre a suspensão da compra de carnes do Mercosul pela rede varejista. Segundo fontes, o boicote será mantido até que Bompard se retrate publicamente. “É uma decisão comercial”, afirmou uma fonte próxima ao setor.
Na semana passada, uma nota conjunta foi assinada por organizações como a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), a Associação Brasileira do Agronegócio (ABAG), a Sociedade Rural Brasileira (SRB) e a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).
“Se não serve para abastecer o Carrefour na França, não serve para abastecer o Carrefour em nenhum outro país”, declararam as entidades na nota.
Além do setor, o ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, declarou apoio à suspensão de vendas de frigoríficos brasileiros à rede Carrefour. Durante entrevista concedida no domingo, 24, à Globo News, Fávaro afirmou que a decisão “mostra a soberania e o respeito à legislação brasileira”.
O anúncio do Carrefour intensificou a pressão francesa contra o acordo de livre-comércio entre a União Europeia e o Mercosul, que já enfrenta crescente resistência e parece cada vez mais distante de ser concretizado.
Além da oposição do governo do presidente Emmanuel Macron, produtores agrícolas franceses têm intensificado os protestos contra o acordo. Segundo Fávaro, o acordo deverá ser assinado no dia 6 de dezembro.