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Carne de porco: preços devem ter altas pontuais no segundo semestre

Preços dos produtos suinícolas acompanhados pelo Cepea subiram em junho, o segundo mês consecutivo de aumento

César H. S. Rezende
César H. S. Rezende

Repórter de agro e macroeconomia

Publicado em 16 de julho de 2024 às 06h30.

Última atualização em 16 de julho de 2024 às 11h12.

Os preços dos produtos suinícolas acompanhados pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da Esalq/USP subiram em junho, o segundo mês seguido de aumento. O valor médio do suíno posto no mercado independente na região de Bragança Paulista, Campinas, Piracicaba, São Paulo e Sorocaba (SP-5)  avançou 3% no mês passado e alcançou R$ 6,97/kg.

Em Patos de Minas (MG), houve um avanço mensal de 1,7%, com o preço médio do animal negociado a R$ 7,10/kg. No Sul do país, nas praças monitoradas pelo Cepea, a cotação do suíno vivo em Arapoti (PR) apresentou valorização de 5,2%, média de R$ 7,04/kg.

Em junho, o aumento dos preços foi impulsionado pelo desempenho positivo das exportações brasileiras de carne suína, além da demanda aquecida pela proteína no mercado interno. "O Brasil tem evoluído no consumo doméstico, muito em função dos preços competitivos, o avanço do nível de emprego também é variável importante na expansão do consumo interno nesta temporada", afirma Fernando Iglesias, coordenador de Pecuária e Setor Carnes de SAFRAS & Mercado.

Segundo o Cepea, no mercado de carne, a carcaça especial suína seguiu a tendência altista do vivo e se valorizou 4,5%  de maio para junho, com preço médio de R$ 10,31/kg no atacado da Grande São Paulo –  entre os cortes, o pernil com osso teve a elevação mais acentuada, com um aumento de 7,1% no período, sendo comercializado a R$ 11,09/kg na média das regiões paulistas.

Após uma queda em maio, as exportações brasileiras de carne suína (considerando produtos in natura e processados) voltaram a crescer em junho. De acordo com dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), o Brasil embarcou 105,9 mil toneladas de carne suína no mês passado, um aumento de 2,5% em relação a maio, mas 1% abaixo do volume de junho de 2023. A média diária de embarques foi de 4,7 mil toneladas, um aumento de 7,6% em comparação com maio de 2024 e 1,5% superior ao registrado em junho de 2023.

Carne de porco mais cara?

Segundo Iglesias, a expectativa é de que a tendência de alta nos próximos meses persista, graças à recuperação das margens de lucro em 2024. "O ano tem sido particularmente positivo, com boa recuperação das margens. Segue importante a manutenção de um trabalho aderente na abertura de novos mercados, aproveitando as dificuldades na produção da Europa. O segundo semestre é muito promissor, com bom potencial para alta dos preços da carne suína e manutenção das margens", destaca o analista.

Em termos de receita, as exportações de carne suína geraram US$ 233,8 milhões em junho, um aumento de 4,5% em relação a maio de 2024, mas uma queda significativa de 10,8% em comparação com o mesmo mês do ano anterior. Em moeda nacional, o faturamento do setor exportador suinícola somou R$ 1,26 bilhão em junho, um incremento de 9,6%, mas uma redução de 0,6% em relação a junho de 2023. Apesar da queda nos embarques para a China, outros países intensificaram suas compras da proteína suína nacional durante o período.

"A China é um capítulo a parte, a suinocultura chinesa segue em recuperação, com margens deficitárias, no entanto, os indicativos de produção de carne e de atividade econômica sugerem um 2025 mais interessante em termos de importação, com concentração de compras no Brasil", diz Iglesias.

Nesse cenário, a carne de porco pode ficar mais cara? Para Iglesias, a vasta oferta de proteínas de origem nesta temporada deve barrar uma eventual elevação de preços para o consumidor final. "Vamos observar um aumento nos preços no mercado nacional no segundo semestre, isso é normal, faz parte do ciclo de mercado que tem períodos de maior demanda ao longo do ano. Mas, de qualquer forma, não será um aumento explosivo que prejudique o consumo das famílias ou afete a forma como as pessoas consomem aqui dentro do país", ressalta o analista.

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