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Cana-de-açúcar: produção 2022/2023 cresce 5,4%, aponta Conab

No Centro-Sul, safra iniciada em abril pode se tornar a segunda maior produção de açúcar da história

Colheita de cana-de-açúcar na Usina São Martinho (Usina São Martinho/Divulgação)

Colheita de cana-de-açúcar na Usina São Martinho (Usina São Martinho/Divulgação)

Mariana Grilli
Mariana Grilli

Repórter de Agro

Publicado em 20 de abril de 2023 às 15h51.

Última atualização em 20 de abril de 2023 às 16h37.

A produção de cana-de-açúcar na safra 2022/2023 está estimada em 610,1 milhões de toneladas, crescimento de 5,4% em relação à temporada de 2021/2022. O resultado foi divulgado em boletim nesta quinta-feira, 20, pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Com clima mais favorável no último trimestre, após chuvas contribuirem para o desenvolvimento da cultura mais ao fim do ciclo, os principais estados produtores recuperaram a produtividade.

“Apesar desta safra ter sido marcada por baixos índices pluviométricos, aliados às baixas temperaturas registradas na Região Centro-Sul, a produtividade nacional está estimada em 73.609 kg/ha, 6,1% superior à obtida na temporada 2021/2022, quando o clima foi ainda mais adverso para o setor”, explica o superintendente de informações da agropecuária da Conab, Aroldo de Oliveira Neto.

Leia também: Os fretes rodoviários para transportar açúcar estão 40% mais altos; como isso afeta o mercado?

Qual é a produtividade da cana-de-açúcar por região?

Ainda segundo os dados da Conab, na Região Sudeste, maior produtora de cana no país, o volume colhido no ciclo 2022/2023 aumentou 5,8% em relação à safra anterior. A produtividade deve sair de 366,33 milhões de toneladas para 387,76 mi/tons. A área se manteve praticamente estável, com 5,1 milhões de hectares.

Situação semelhante foi registrada na Região Centro-Oeste, onde a produtividade aumentou 5,7%, devido à melhora nas condições climáticas. A área, por sua vez, apresentou redução de 2,1%, estimada em 1,77 milhão de hectares. Com isso, a colheita chega a 131,54 milhões de toneladas.

No Nordeste do país, além da melhora do desempenho das lavouras, foi verificado um incremento na área plantada, resultando em uma produção de aproximadamente 56 milhões de toneladas, aumento de 12,5% em comparação à safra 2021/2022.

Na avaliação da consultoria Czarnikow Group Limited, a safra 2022/2023 deve ter moagem de 549 milhões de toneladas. E para 2023/2024, o volume pode chegar a 597 milhões de toneladas de cana moídas, permitindo a produção de quase 38 milhões de toneladas de açúcar

Moagem cana-de-açúcar

Série histórica da moagem de cana-de-açúcar. Fonte: Czarnikow Group Limited (Czarnikow Group Limited/Reprodução)

Do canavial ao etanol

Com a maior disponibilidade de matéria-prima, tanto a produção de açúcar como a de etanol foram elevadas. No caso do biocombustível, a produção apresentou um ligeiro aumento de 0,5% em relação à temporada anterior. Já o volume total, considerando também o etanol de milho, foi estimado em 30,5 bilhões de litros, sendo 12,97 bilhões de litros de etanol anidro e 17,53 bilhões de litros de etanol hidratado.

“Entre os subprodutos, o etanol anidro produzido da cana-de-açúcar, aumentou 12,5%, alcançando 11,49 bilhões de litros. Em contrapartida, o combustível hidratado reduziu a produção em 7,1%, totalizando 15,04 bilhões de litros produzidos”, destaca Aroldo de Oliveira Neto, superintendente de informações da agropecuária.

Para o adoçante, a Conab verificou um acréscimo de 6% na fabricação quando comparada com a safra anterior, estimada em 37 milhões de toneladas. 

Veja também: Valor Bruto da Produção Agropecuária de 2023 é projetado em R$ 1,229 trilhão

Exportações de cana-de-açúcar

No consolidado da safra 2022/2023, o Brasil exportou cerca de 29,4 milhões de toneladas de açúcar, o que corresponde a um aumento de 13% na comparação com 2021/2022, como apontam dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC).

"O bom resultado é influenciado pela menor participação da Índia no mercado internacional, uma vez que as condições climáticas desfavoráveis prejudicaram a safra do país asiático", aponta o relatório da Conab.

No mesmo período, as vendas de etanol ao mercado externo chegaram a 2,84 bilhões de litros, acréscimo de 58% na comparação com o ciclo passado.

"Além de encontrar um mercado mais favorável no exterior no que diz respeito a preços, fatores como a valorização do dólar, a redução na oferta internacional de petróleo e a demanda em nível mundial por combustíveis, principalmente na Europa, estão entre os motivos que levaram a este crescimento da exportação do biocombustível", aponta outro trecho do documento. Com isso, as importações foram de 215 milhões de litros, 43,5% menos que na temporada passada.

Maior produção de açúcar em 2023/2024

O Centro-Sul do Brasil, maior região produtora de cana do mundo, começou oficialmente a safra 2023/24 neste mês de abril, embora algumas usinas já tenham iniciado as operações. De acordo com Ana Zancaner, gerente de análise e advisory da Czarnikow, as chuvas favoráveis do primeiro trimestre deste ano levam a uma perspectiva positiva para a produtividade agrícola, e, consequentemente, para a disponibilidade de cana.

"É a primeira vez desde 2016 que as chuvas no primeiro trimestre ficaram acima da média histórica. As chuvas do primeiro trimestre são essenciais para um canavial saudável e, após a precipitação em linha com a média histórica neste ano, a produtividade agrícola pode aumentar 7% nesta temporada, atingindo quase 79 toneladas de cana por hectare", afirma.

Leia também: Café sustentável: biofertilizantes para uma bebida com menos emissões

Por isso, a analista aponta que a safra 2023/2024 deve registrar a segunda maior produção de açúcar do Centro-Sul, com 37,6 milhões de toneladas. "Novamente, há um risco de alta para esse número, dependendo das condições climáticas. Se chover mais, mais dias perdidos, mas também o teor de sacarose é afetado. O clima mais úmido resulta em menor concentração de açúcar, afetando a produção total", observa.

Produção de açúcar na safra 2023/2024

Série histórica da produção de açúcar. Fonte: Czarnikow Group Limited (Czarnikow Group Limited/Reprodução)

As usinas estão maximizando o mix de açúcar, pela quarta safra consecutiva, já que o adoçante ainda oferece vantagem de preço em relação ao etanol. Considerando o volume de cana e o teor de sacarose, o mix de açúcar deve chegar a 47,5% nesta safra – o maior desde 2011.

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