Pecuária em Santa Catarina (Wenderson Araujo/Trilux/Sistema Senar-CNA/Divulgação)
Agência de Notícias
Publicado em 3 de setembro de 2025 às 15h53.
Última atualização em 3 de setembro de 2025 às 15h59.
Maior produtor e exportador mundial de carnes, o Brasil pretende impulsionar práticas sustentáveis na pecuária a partir dos dados obtidos com uma ferramenta recém-lançada e que mede as emissões de metano provenientes do manejo dos resíduos da produção animal.
A ferramenta calcula o volume de metano emitido pelos dejetos animais, assim como a redução na emissão deste gás do efeito estufa alcançada com a adoção de práticas sustentáveis, conforme explicou Airton Kunz, pesquisador da Embrapa e um de seus criadores.
"É um instrumento fundamental para medir os impactos dos métodos de redução de emissões", afirmou.
A chamada 'ABC+Calc', nascida de um acordo de cooperação entre a Embrapa e o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), foi lançada em meados de agosto pelo Ministério da Agricultura e colocada à disposição de todos os produtores rurais.
O algoritmo utiliza dados como o número de animais, o peso dos dejetos e os sistemas de produção adotados para calcular o potencial de mitigação nas emissões de metano, segundo a Embrapa.
Os pecuaristas podem inserir os dados no sistema de qualquer computador ou celular com acesso à internet e eles podem ser consultados na nuvem institucional da Embrapa.
O objetivo é contar com um banco de dados nacional que permita determinar quais são as práticas sustentáveis que mais reduziram as emissões nas diferentes cadeias de produção animal (suínos, aves e gado de corte e leiteiro).
Segundo o Ministério da Agricultura, levando em conta que o setor agropecuário é responsável por 75% das emissões de metano do Brasil e que 5,7% delas provêm do manejo dos dejetos animais, as práticas sustentáveis são cruciais para que o país cumpra sua meta de redução deste gás poluente.
A ferramenta também pode emitir certificações de que os produtores com as melhores práticas oferecem carnes que não ameaçam o meio ambiente, afirmou à EFE o analista econômico Gilberto Braga, pesquisador do Ibmec.
Além disso, ela ajuda a melhorar os métodos de cálculo das emissões de metano, que ainda têm algumas imprecisões, segundo admitiu o coordenador de Política Internacional da rede de organizações ecologistas Observatório do Clima, Claudio Ángelo, ao lançar um novo estudo sobre esse gás poluente.
De acordo com o relatório do Observatório do Clima, as emissões brasileiras de metano cresceram 6% em quatro anos, de 2020 a 2023, quando alcançaram 21,1 milhões de toneladas, seu segundo maior nível desde o início das medições.
Esse volume confirma o Brasil como o quinto maior emissor de metano do mundo, atrás de China, Estados Unidos, Índia e Rússia.
Para o Observatório do Clima, uma redução de 45% nas emissões de metano pode diminuir o aquecimento global em 0,3 graus Celsius até 2040.
A gestão de resíduos e a rastreabilidade do gado estão entre os temas que serão discutidos no III Fórum Latino-Americano de Economia Verde, que a Agência EFE organizará em São Paulo na próxima quinta-feira.
O encontro reunirá autoridades e especialistas para debater sobre a crise climática e conta com o patrocínio de ApexBrasil e Norte Energia, além do apoio de IBMEC, Observatório do Clima e Imaflora.