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Exportações: China assinou um acordo de compra de milho com o Brasil no ano passado e o primeiro embarque chegou em janeiro (Yara/Divulgação)
Agência de notícias
Publicado em 20 de dezembro de 2023 às 12h21.
O Brasil ultrapassou os EUA como principal fornecedor de milho da China, apenas um ano depois que os embarques do país foram aprovados.
As exportações brasileiras do grão para o país asiático somaram 8,79 milhões de toneladas no acumulado do ano até novembro, 40% do total de 22,18 milhões de toneladas importadas pela China, segundo dados alfandegários. Os embarques dos EUA chegaram a 6,50 milhões, quase 30% do total, menos da metade do que no ano anterior.
Antes dependente dos EUA e da Ucrânia, a China procurou diversificar seus fornecedores ao mesmo tempo em que a produção do Brasil atingiu níveis recordes. As importações chinesas ultrapassaram 20 milhões de toneladas por três anos consecutivos, em meio a uma recomposição de estoques e demanda alta por ração animal.
“O Brasil teve uma safra gigante e seu milho estava barato”, disse Cherry Zhang, analista da Shanghai JC Intelligence. “Os dois países também têm relações amistosas”. As tradings encomendaram uma grande quantidade de grãos do país no início do ano e agora essas cargas chegam à China, disse ela. As importações totais de milho em novembro foram as mais altas já registradas, em um série de dados iniciada em 2005.
A China assinou um acordo de compra de milho com o Brasil no ano passado e o primeiro embarque chegou em janeiro. As importações chinesas de milho brasileiro em dezembro devem totalizar pelo menos 1,5 milhão de toneladas e devem permanecer altas em 2024, segundo a Shanghai JC.
Mas a queda do preço do milho em Chicago e gargalos logísticos que atrapalham as exportações brasileiras podem começar a fazer com que as tradings se voltem mais para os embarques dos EUA novamente, disseram operadores e analistas.
Qualquer que seja a origem mais atrativa, os exportadores enfrentarão um mercado fraco. Os futuros de milho na bolsa de commodities de Dalian caíram 18% em 2023 e atingiram o nível mais baixo em mais de três anos. Em Chicago, a cotação afundou 30%.
“O pessimismo está impregnando o mercado”, disse a corretora chinesa Holly Futures em nota. “Os produtores enfrentam muita pressão para vender seus grãos, enquanto as tradings relutam em acumular estoques.”
A queda nos lucros dos pecuaristas e frigoríficos chineses, os principais consumidores do grão, ameaçam as perspectivas para a demanda.