Repórter
Publicado em 10 de novembro de 2025 às 16h26.
Última atualização em 10 de novembro de 2025 às 16h56.
O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) anunciou nesta segunda-feira, 10, a habilitação de cinco usinas para exportação de grãos secos de destilaria (DDG, na sigla em inglês) e de dez plantas para exportação de sorgo à China. A venda dos grãos ao mercado chinês foi confirmada anteriormente à EXAME por Luis Rua, secretário de Comércio e Relações Internacionais do Mapa.
Segundo a pasta, a autorização representa um novo passo na relação comercial entre Brasil e China e amplia as oportunidades tanto para a cadeia do sorgo quanto para a indústria de etanol de milho.
"A medida decorre da assinatura do Protocolo Fitossanitário do sorgo (novembro de 2024) e do Protocolo de Proteínas e Grãos Derivados da Indústria do Etanol de Milho (maio de 2025), além da conclusão dos modelos de certificado fitossanitário acordados entre as autoridades dos dois países", diz o ministério.
No caso do sorgo, mais de 60% da produção nacional está concentrada na região Centro-Oeste. Em 2024, o Brasil produziu cerca de 4 milhões de toneladas, das quais 178,4 mil toneladas foram exportadas, o equivalente a 4% do total.
As unidades habilitadas para exportação à China estão localizadas em: Mato Grosso (4), Minas Gerais (4), Rondônia (1) e Bahia (1).
Em relação ao DDG, coproduto do processamento de milho utilizado na formulação de ração animal, o Brasil exportou aproximadamente 791 mil toneladas em 2024.
As cinco usinas autorizadas estão situadas no Mato Grosso (4) e no Mato Grosso do Sul (1). No mesmo ano, a China importou mais de US$ 66 milhões desse insumo.
A partir das habilitações, o Brasil passa a dispor de um canal regular para exportações destinadas ao maior importador global de grãos e ingredientes para nutrição animal. Atualmente, a China responde por mais de 80% das importações globais de sorgo, com compras que ultrapassaram US$ 2,6 bilhões no último ano, segundo o Mapa
Segundo o ministério, a medida tende a aumentar a previsibilidade comercial e pode impulsionar o crescimento do volume exportado nas próximas safras.
A articulação foi conduzida por meio de esforço conjunto do Ministério da Agricultura e Pecuária, da Adidância Agrícola e da Embaixada do Brasil em Pequim, em cooperação com o Ministério das Relações Exteriores (MRE) e representantes do setor privado, em conformidade com as exigências fitossanitárias do governo chinês.
A China permanece como principal mercado do agronegócio brasileiro. Em 2024, o país asiático importou mais de US$ 49,6 bilhões em produtos do setor.
Além das vantagens econômicas, o Ministério da Agricultura também reforça que a exportação desses produtos também traz impactos positivos para a sustentabilidade no agronegócio.
"Exportações de produtos como o DDG também reforçam a agenda de sustentabilidade brasileira, ao estimular a economia circular por meio da valorização de resíduos industriais convertidos em insumos com demanda internacional", explica.
Em setembro de 2025, Brasil e China firmaram um acordo de pré-listing para a habilitação de exportadores de sorgo. Esse modelo dispensa a avaliação final das autoridades chinesas, permitindo que a habilitação sanitária das indústrias seja feita pelo Mapa, segundo as exigências do país importador. Dessa maneira, as empresas registradas no sistema de inspeção sanitária brasileiro e que cumprirem os requisitos chineses poderão exportar o grão para a China.
No mesmo mês, representantes da Administração Geral de Alfândegas da China (GACC) realizaram uma auditoria na produção de sorgo brasileira, visitando propriedades rurais, cooperativas e armazéns em Goiás e Minas Gerais para avaliar as práticas sanitárias e de sustentabilidade da produção.
“Basicamente, 83% das compras mundiais de sorgo são feitas pela China, e metade do que o país importa vem dos Estados Unidos. O Brasil está se posicionando como um importante produtor de sorgo”, afirmou Luis Rua, secretário de Comércio e Relações Internacionais do Mapa, em entrevista à EXAME, em outubro.
Historicamente, os Estados Unidos são o principal fornecedor de sorgo para a China. O país asiático consome cerca de 7 milhões de toneladas do grão por ano, sendo metade proveniente dos EUA — o maior produtor mundial, com 10 milhões de toneladas anuais. O Brasil, com 5,5 milhões de toneladas, ocupa a segunda posição no ranking global.
No entanto, diante da guerra comercial entre China e Estados Unidos, o país asiático ainda não retomou a compra do grão americano. Em 2025, as exportações de sorgo dos EUA para a China caíram 97% em relação ao ano anterior, segundo dados da American Farm Bureau Federation (AFBF).
A China importa sorgo para a produção de ração animal e de bebidas tradicionais. Já o Brasil exporta cerca de 100 mil toneladas de sorgo por ano.