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Brasil e Vietnã fecham acordo e abrem mercado para carne bovina brasileira

Plano de Ação 2025-2030 busca fortalecer laços comerciais e ampliar cooperação em tecnologia, meio ambiente e educação entre os dois países

Lula também enfatizou a necessidade de evitar uma nova divisão global em zonas de influência e reforçou a importância do não-alinhamento (Erlon Silva - TRI Digital/Getty Images)

Lula também enfatizou a necessidade de evitar uma nova divisão global em zonas de influência e reforçou a importância do não-alinhamento (Erlon Silva - TRI Digital/Getty Images)

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Publicado em 28 de março de 2025 às 10h26.

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou nesta sexta-feira a abertura do mercado vietnamita para a carne bovina brasileira, um movimento que tem o objetivo de impulsionar as exportações e atrair investimentos para o setor frigorífico no Brasil. O acordo faz parte de um conjunto de medidas firmadas entre os dois países com a assinatura do Plano de Ação para Implementação da Parceria Estratégica, oficializado em Hanói durante a visita de Estado do presidente brasileiro ao Vietnã.

— A abertura do mercado vietnamita para a carne bovina brasileira atrairá investimentos de frigoríficos do Brasil para fazer deste país uma plataforma de exportação para o Sudeste Asiático — destacou Lula em declaração à imprensa.

Durante sua fala, Lula ressaltou a importância do fortalecimento das relações entre Brasil e Vietnã e alertou sobre as ameaças ao multilateralismo e à governança global, mencionando conflitos como os da Ucrânia e de Gaza.

— Nada justifica a matança indiscriminada de civis — afirmou o presidente.

Lula também enfatizou a necessidade de evitar uma nova divisão global em zonas de influência e reforçou a importância do não-alinhamento.

Brasil exporta mais para o Vietnã do que Portugal

O Plano de Ação 2025-2030 tem como objetivo aprofundar as relações bilaterais em diversas áreas, incluindo defesa, economia, investimentos, agricultura, tecnologia e meio ambiente. Entre os principais objetivos está o fortalecimento do fluxo de comércio e de investimentos entre os dois países, assim como o reconhecimento do Vietnã como economia de mercado, um interesse manifestado pelo governo brasileiro.

— Com o fluxo de comércio bilateral que já se aproxima de US$ 8 bilhões, o Brasil exporta mais para o Vietnã do que vende para Portugal, Reino Unido e França — destacou Lula.

Além do Plano de Ação, foram assinados dois acordos e dois memorandos de entendimento. Os acordos tratam da permissão para que dependentes de missões diplomáticas trabalhem e da proteção mútua de informações classificadas. Já os memorandos envolvem cooperação comercial e industrial, além de parcerias na área do futebol.

Outro ponto destacado por Lula foi o potencial de exportação de produtos de maior valor agregado, como aeronaves da Embraer, além da ampliação da cooperação científica e tecnológica. O Brasil também busca estreitar os laços do Vietnã com o Mercosul e promover intercâmbios educacionais e de pesquisa.

— Nenhuma colaboração é tão estratégica para o futuro de dois países emergentes quanto a cooperação em educação e em ciência e tecnologia — afirmou Lula.

Cooperação em pesquisa

Ele também destacou o interesse do Brasil em colaborações nas áreas de semicondutores, Inteligência Artificial, tecnologias digitais, biotecnologia e energias renováveis.

Durante sua visita ao Vietnã, o presidente brasileiro convidou o país asiático para participar do encontro do Brics, que ocorrerá no Rio de Janeiro em julho, e da COP30, em Belém, no final do ano.

Lula também ressaltou a importância da cooperação entre Brasil e Vietnã na pesquisa para o fortalecimento da cultura do café, já que ambos os países são grandes produtores e enfrentam desafios climáticos. Ele mencionou o Fundo Florestas Tropicais para Sempre.

A visita de Lula ao Vietnã marca um momento histórico na relação entre os dois países, que completaram 35 anos de laços diplomáticos em 2024. Desde sua primeira visita ao país asiático em 2008, o comércio bilateral cresceu significativamente, passando de US$ 534 milhões para um recorde de US$ 7,7 bilhões em 2024. A meta agora é dobrar esse valor até 2030, fortalecendo ainda mais a presença do Brasil no Sudeste Asiático.

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