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Bayer aposta em ‘fábrica brasileira’ para desenvolver Climate FieldView no país

Empresa alemã vai desenvolver parte de sua plataforma digital no Brasil para acelerar tecnologia para o produtor local

 (Bayer/Divulgação)

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César H. S. Rezende
César H. S. Rezende

Repórter de agro e macroeconomia

Publicado em 30 de abril de 2025 às 08h03.

Última atualização em 5 de maio de 2025 às 11h41.

RIBEIRÃO PRETO* A Bayer, empresa alemã com foco em saúde e agricultura, anunciou que parte do Climate FieldView — plataforma de agricultura digital baseada em dados — passará a ser desenvolvida no Brasil. Até então, todas as pesquisas eram conduzidas nos Estados Unidos. É a primeira vez que a multinacional estrutura uma operação local com foco exclusivo em inovação agrícola digital.

“Acabamos de receber essa aprovação da Bayer Global. O objetivo é que o FieldView leve em consideração ainda mais a voz e as necessidades do produtor brasileiro”, disse à EXAME Abdalah Novaes, líder de soluções agrícolas digitais da Bayer para a América Latina, durante a 30ª edição da Agrishow.

Segundo o executivo, a relevância do Brasil para a estratégia global da Bayer é reforçada pelos números. Em 2024, a América Latina respondeu por 28% do faturamento da divisão agrícola da companhia, que somou 6,25 bilhões de euros. O Brasil é o segundo maior mercado global da multinacional, atrás apenas dos Estados Unidos.

O sucesso da iniciativa Bayer Valora Milho foi decisivo para a criação da equipe dedicada ao país. O projeto oferece soluções personalizadas para otimizar o plantio de milho e utiliza tecnologia para recomendar a densidade ideal de sementes, considerando fatores como o potencial produtivo e a variabilidade do solo.

“Na safra verão 2024/2025, 8 em cada 10 participantes do Valora alcançaram ganho de produtividade, com 7,8 sacas/ha de incremento médio”, afirma o executivo.

Segundo Novaes, o time que atuará no Brasil começou a ser formado nos últimos dias e deve estar completo até o fim do ano.

A proposta é montar uma equipe mista, com pesquisadores brasileiros e estrangeiros, mas ainda não há detalhes sobre o valor a ser investido ou o tamanho do time. “Ainda estamos desenhando o tamanho dessa equipe, mas quero que a maioria seja brasileira”, afirma o executivo.

Ano de retomada

Em assembleia-geral de investidores realizada na última sexta-feira, 25, o CEO global da Bayer, Bill Anderson, afirmou que 2025 será um ano difícil, mas marcado por uma esperada retomada. Segundo ele, apesar dos avanços recentes, “ainda falta muito a ser feito” para recolocar a multinacional no caminho do crescimento sustentável.

“Estamos trabalhando duro para remover esses obstáculos e recolocar a Bayer em um caminho de crescimento lucrativo. A equipe Bayer está totalmente empenhada e pronta para a tarefa”, declarou Anderson durante a reunião.

Desde que assumiu o comando da companhia em 2023, o executivo tem liderado um processo de reestruturação da empresa. Em 2024, a dívida líquida da Bayer foi reduzida para 32,6 bilhões de euros — uma melhora significativa, mas que ainda preocupa. O próprio CEO reconheceu que o endividamento continua em um nível elevado.

Além da questão financeira, a Bayer enfrenta processos judiciais nos Estados Unidos relacionados ao uso do glifosato, um herbicida amplamente utilizado no setor agrícola. A empresa espera conter os impactos dessas ações até 2026, como parte de sua estratégia de estabilização.

*O repórter viajou a convite da Bayer

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