EXAME Agro

Apoio:

LOGO TIM 500X313

Atrasos nos portos ameaçam exportação recorde de café brasileiro para a China em 2024

Exportadores de café perdem mais de R$ 3 bilhões com contêineres não embarcados até setembro

15 empresas serão premiadas em diversas categorias.
 (Germano Lüders/Exame)

15 empresas serão premiadas em diversas categorias. (Germano Lüders/Exame)

Publicado em 16 de outubro de 2024 às 12h39.

Os atrasos nos portos brasileiros podem frustrar as expectativas do setor cafeeiro de exportação recorde para a China em 2024. Até setembro deste ano, o Brasil desembarcou 680.143 sacas de café para o país asiático; no mês passado, foram 39.774 sacas exportadas, segundo levantamento exclusivo do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé) para a EXAME, divulgado nesta quarta-feira, 16.

A projeção do Cecafé indicava que as exportações brasileiras de café para a China em 2024 atingiriam 2,5 milhões de sacas, um aumento de 65% em relação ao ano passado, quando o país exportou 1,5 milhão de sacas. Entretanto, com os navios atrasados, essa estimativa pode não se concretizar.

A situação nos portos brasileiros representa um grande desafio para o setor cafeeiro, que depende do comércio com a China para consolidar seu crescimento.

Dados da entidade mostram que, de maneira geral, o país acumulou 2,155 milhões de sacas de café não embarcadas até setembro, o que equivale a 6.529 contêineres. Com um preço médio Free on Board (FOB) de US$ 269,40 por saca de café verde e considerando a cotação do dólar a R$ 5,5410, essa situação resultou em uma perda de receita cambial de US$ 580,55 milhões, ou aproximadamente R$ 3,217 bilhões, segundo a entidade.

A tendência é que as exportações dos cafés do Brasil para a China, especialmente da variedade arábica, a mais adquirida pelos chineses, aumentem até o final do ano, segundo o Cecafé. No entanto, isso não garante que o recorde projetado será alcançado.

"Esse também é o período em que crescem os embarques de outros produtos que necessitam de contêineres, como açúcar, algodão e o próprio café, e justamente nesse cenário logístico preocupante, com elevados índices de atrasos e constantes alterações de escala de navios", disse à EXAME o diretor técnico do Cecafé, Eduardo Heron.

Porto de Santos lidera atrasos

Somente em setembro, 69% dos navios, ou 190 de um total de 277 embarcações, tiveram alteração de escalas ou atraso para exportar café nos principais portos do Brasil, conforme o Boletim Detention Zero (DTZ), elaborado pela startup ElloX Digital em parceria com o Cecafé.

O maior prazo de espera foi registrado no Porto de Santos (SP), com 38 dias entre a abertura do primeiro e do último deadline. Além disso, o porto principal terminal escoador dos cafés brasileiros ao exterior, registrou um índice de 84% de atraso de porta-contêineres em setembro, o que envolveu 108 do total de 129 embarcações.

"Nossos portos não evoluíram na mesma velocidade do agro e se encontram com estruturas inadequadas para cargas conteinerizadas, expondo o esgotamento da infraestrutura e a necessidade de ampliação da capacidade de pátio, berço e do aprofundamento de calado para recebimento de embarcações maiores”, afirmou Heron.

No mês passado, apenas 10% dos procedimentos de embarque tiveram prazo superior a quatro dias de gate aberto por navios no Porto de Santos – outros 36% possuíram entre três e quatro dias, e 54% tiveram menos de dois dias.

No complexo portuário do Rio de Janeiro (RJ), o segundo maior exportador dos cafés do Brasil, o índice de atrasos das embarcações foi de 58% no mês passado, com o maior intervalo sendo de 29 dias entre o primeiro e o último deadline – o percentual implica que 42 dos 72 navios destinados às remessas do produto sofreram alteração de escalas.

Acompanhe tudo sobre:CaféExportaçõesAgronegócioMinistério da Agricultura e Pecuária

Mais de EXAME Agro

Os investimentos de R$ 1,7 bilhão da Coamo para construir sua primeira indústria de etanol de milho

Governador do MT avalia cortar benefícios fiscais de empresas que seguem a moratória da soja

Mapa fecha fábrica de fertilizantes clandestina no interior de São Paulo