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Argentina: falta de chuvas afeta plantio do trigo e afasta possibilidade de safra recorde

Bolsa de Rosário reduz em 200.000 hectares a projeção para temporada 2024/25 do cereal argentino

César H. S. Rezende
César H. S. Rezende

Repórter de agro e macroeconomia

Publicado em 15 de julho de 2024 às 17h19.

Última atualização em 15 de julho de 2024 às 17h33.

O tempo seco do mês de julho deve impactar severamente o plantio e o rendimento do trigo da Argentina na temporada 2024/25, de acordo com levantamento conduzido pela Bolsa de Comércio de Rosário (BCR). Com a continuidade da falta de chuvas e com as precipitações restritas a Buenos Aires em junho, a entidade cortou de 6,92 de milhões de hectares para 6,72 milhões de hectares sua estimativa para a referida temporada do cereal do país vizinho. Com a redução, a Argentina deve produzir 20,5 milhões de toneladas de trigo.

Segundo a entidade, no ciclo 2024/25, o trigo foi plantado mais cedo no centro e norte da Argentina, já que os agricultores optaram por incluir gramíneas em suas rotações de culturas temendo o impacto da praga da cigarrinha, além da necessidade financeira causada por três anos seguidos do fenômeno climático La Niña –  esses fatores têm pressionado os produtores a semear rapidamente para evitar que a camada de sementes seque.

Além disso, as chuvas que ocorreram em março e abril, após o término do El Niño, desempenharam um papel crucial no início do crescimento das plantações de trigo, como mencionado pela BCR em comunicado.

Com a chegada da umidade, os agricultores intensificaram os trabalhos de plantio e optaram por semear mais profundamente do que o usual. Especialmente com o calor intenso na primeira quinzena de junho, as condições permitiram um rápido desenvolvimento das áreas semeadas, alcançando profundidades de até 7 centímetros abaixo da superfície do solo.

Na sexta-feira, 12, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) elevou de 17,50 milhões de toneladas para 18,00 milhões de toneladas sua projeção para a safra 2024/25 de trigo da Argentina.

O país é o principal exportador de trigo para o Brasil e, no ano passado, desembarcou 2,26 milhões de toneladas do cereal no mercado nacional, segundo dados compilados pela Associação Brasileira de Trigo (Abitrigo) – a participação argentina foi afetada em virtude da quebra de safra – algumas projeções apontam para uma colheita de pouco mais de 15 milhões de toneladas do cereal na temporada 2023/24.

Safra 2024/25 de trigo deve sofrer novos impactos

A Bolsa de Rosário também alerta que o inverno deste ano pode ser o segundo mais severo dos últimos 60 anos na Argentina, seguindo previsões que indicam temperaturas extremamente baixas e ampla cobertura territorial. O clima tem afetado o desenvolvimento do trigo, com geadas recentes que têm potencial para comprometer ainda mais o rendimento das lavouras, o que eleva a necessidade de precipitações, sobretudo no centro do país.

Além disso, o inverno rigoroso pode afetar a população da praga da cigarrinha, que causou danos às plantações de milho na Argentina durante a temporada 2023/24. As temperaturas abaixo de zero, que se estendem até Santiago del Estero e o norte de Santa Fé, podem ter um impacto significativo da doença.

Por outro lado, o clima mais frio também traz oportunidades para o trigo argentino. Com altos níveis de radiação solar e temperaturas baixas, as condições são ideais para o crescimento do cereal, especialmente depois de uma aplicação intensiva de fertilizantes e com boas reservas de umidade no solo.

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