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Americanos fazem críticas ao etanol brasileiro após Trump propor aumento de tarifas

Brasil é acusado de fechar mercado ao combustível americano e de cobrar taxas elevadas

Donald Trump, presidente dos EUA, durante evento na Casa Branca (Alex Wong/AFP)

Donald Trump, presidente dos EUA, durante evento na Casa Branca (Alex Wong/AFP)

Rafael Balago
Rafael Balago

Repórter de macroeconomia

Publicado em 14 de fevereiro de 2025 às 10h52.

Horas após Donald Trump anunciar uma medida para estudar tarifas comerciais recíprocas, entidades de produtores americanos demonstraram apoio ao presidente e fizeram críticas sobre a postura do Brasil em relação ao etanol.

"Há quase uma década, temos gasto tempo e recursos preciosos combatendo um regime tarifário injusto imposto pelo governo do Brasil sobre as importações de etanol dos EUA", disse a Renewable Fuels Association, em comunicado.

A entidade diz que os dois países tiveram uma relação comercial pacífica e cooperativa por vários anos, com um país suprindo o outro em momentos de escasse, mas que a situação mudou em 2017.

"O Brasil instituiu um esquema de cotas tarifárias e, posteriormente, adotou uma tarifa em 2020. A tarifa brasileira sobre o etanol dos EUA agora está em 18% e praticamente eliminou o acesso ao mercado para os produtores norte-americanos de etanol", diz a RFA.

Do outro lado, os EUA cobram tarifas de 2,5% sobre o etanol brasileiro.

"Essas barreiras tarifárias foram erguidas contra o etanol dos EUA enquanto nosso país aceitou abertamente — e até incentivou— as importações de etanol do Brasil", prossegue a nota. "Esperamos que essa tarifa recíproca ajude a incentivar o retorno a uma relação de comércio de etanol livre e justa com o Brasil."

O deputado republicano Randy Feenstra, de Iowa, também criticou a diferença de tarifas cobradas. "Em 2024, esse desequilíbrio resultou na importação de US$ 200 milhões em etanol brasileiro pelo nosso país, enquanto o Brasil importou apenas US$ 52 milhões em etanol dos EUA. Nossos agricultores merecem mais!", disse, em nota.

"Em alguns casos, certas políticas nos EUA até incentivam o uso do etanol importado do Brasil em vez do etanol produzido aqui nos EUA", disse Emily Skor, CEO da Growth Energy, que fabrica biocombustíveis. "Isso vai contra a ideia de priorizar os Estados Unidos e é exatamente por isso que o presidente Trump está tomando medidas", afirmou.

Tarifas ainda sem prazo

Na segunda, Trump não assinou uma ordem executiva, que permitiria aplicar as tarifas de forma imediata, mas um memorando presidencial, que orienta os departamentos (equivalente a ministérios) do governo dos EUA a estudarem casos em que a relação comercial esteja desequilibrada e quais formas de aplicar tarifas para balancear a situação na visão dos EUA.

Tampouco foi determinada uma data para que as tarifas possam ser implantadas. Howard Lutnick, secretário de Comércio nomeado por Trump, disse que os estudos devem ser concluídos até 1º de abril. Além disso, um relatório sobre o tema deverá ser entregue em até 180 dias. As novas taxas poderão ser aplicadas antes disso — ou depois, o que torna o cenário ainda mais incerto.

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