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Campo de algodão pronto para a colheita (dhughes9/Getty Images)
EXAME Solutions
Publicado em 9 de outubro de 2023 às 08h00.
No último sábado (7) foi celebrado o Dia Mundial do Algodão, uma das culturas mais importantes para a economia global. O cultivo da fibra movimenta US$ 40 bilhões anuais e tem a terceira maior participação agrícola em área no mundo, atrás apenas de grãos e soja, de acordo com o Comitê Consultivo Internacional do Algodão (Icac), ocupando 2,8% das terras cultiváveis.
Referência no setor, o Brasil é hoje o segundo maior exportador global (depois dos EUA) e, com projeção de safra recorde, pode se tornar o líder. Nas estimativas da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), devemos fechar a safra 22/23 com 3,07 milhões de toneladas de pluma, quase 20% a mais que o ano passado.
O sucesso do nosso algodão no mercado se explica não só pela qualidade, mas também por ser produzido com menor impacto ambiental.
Se na exportação estamos chegando ao topo, o investimento em sustentabilidade e rastreabilidade nos últimos anos já nos garantiu outra liderança: a de maior fornecedor de algodão sustentável do mundo. Na safra anterior, de 2021/2022, 42% do algodão responsável do planeta vieram daqui.
Segundo o movimento Sou de Algodão, iniciativa que une quase 1.400 marcas, 84% da produção nacional possui certificação socioambiental.
No Brasil, o selo que atesta o algodão sustentável é o ABR, sigla para Algodão Brasileiro Responsável, implantado em 2012 pela Abrapa para garantir a transparência e o comprometimento da produção com a sustentabilidade nos pilares ambiental, social e econômico.
O programa é reconhecido como um dos mais completos do gênero em todo o mundo. O ABR é referência para conseguir o licenciamento internacional Better Cotton Initiative (BCI). Ou seja, para uma marca ter a certificação usada no mundo inteiro, a produção precisa antes ter o ABR. São 25 critérios mínimos da BCI, mais os 153 da legislação brasileira.
Para ser considerado sustentável ou responsável, a produção precisa atender aos três pilares básicos que compõem o conceito de sustentabilidade: ambiental, social e econômico.
Na parte ambiental, deve preservar o meio ambiente promovendo boas práticas agrícolas, como o uso consciente de pesticidas, não desmatar, ter um programa de uso otimizado da água, cuidar da saúde do solo, entre outras ações.
Nesse aspecto, somos, por exemplo, o número um no mundo em produtividade quando se fala em algodão sem irrigação artificial. Mais de 90% de nossas plantações dependem apenas da água da chuva para se desenvolver, usada em um processo inteligente.
No âmbito social, a produção deve valorizar os colaboradores da cadeia em todas as etapas, oferecendo boas condições de trabalho, inclusão e remuneração justa, e combater o trabalho escravo e infantil. E no pilar econômico deve promover relações econômicas justas e que contribuam com o desenvolvimento de todo o ecossistema.
Todas as etapas de produção, da semente até a venda para o consumidor final, também são rastreadas.
Muita gente se confunde com os termos sustentável e orgânico, mas na verdade são coisas completamente diferentes, que não se comparam.
Enquanto a sustentabilidade é um conceito que visa a longevidade da cultura, com pilares ambientais e socioeconômicos, o orgânico é uma técnica de produção que não usa defensivos ou fertilizantes químicos. Assim, o algodão classificado como sustentável nem sempre é orgânico e vice-versa.
A produção orgânica tem menor produtividade, por exemplo, necessitando de mais áreas de lavoura para atender à demanda de consumo. Por esse ponto de vista, isso quer dizer mais impactos ambientais do que uma plantação tradicional, mas sustentável, com melhor produtividade por hectare.
Também por isso, pela produção menor, é que uma peça de algodão orgânico custa mais caro para o consumidor do que a feita de fibra cultivada de modo convencional.
O algodão sustentável geralmente é cultivado de maneira tradicional e em larga escala, mas com investimento em tecnologias de ponta que possibilitam o aproveitamento total da fibra, o controle de pragas e a manutenção da qualidade.