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Tratores paralizaram as estradas de muitas regiões, incluindo a cidade de Burgos, no norte (AFP Photo)
Agência de notícias
Publicado em 6 de fevereiro de 2024 às 16h19.
Última atualização em 6 de fevereiro de 2024 às 17h26.
Milhares de agricultores bloquearam com tratores estradas em diferentes regiões da Espanha nesta terça-feira, 6, em protesto contra a política agrícola europeia e a precariedade do setor.
Convocados pela 'União de Uniões', uma federação de sindicatos agrícolas, e grupos organizados no WhatsApp, os manifestantes reuniram-se desde o amanhecer nas estradas, principalmente na entrada de algumas grandes cidades.
Com bandeiras espanholas, faixas que diziam "Nosso fim será a sua morte" e alguns usando coletes amarelos, os agricultores exigiram medidas concretas para lidar com as dificuldades que enfrentam para realizar suas atividades no campo.
Segundo a Direção Geral de Tráfego, os bloqueios ou congestionamentos ocorreram em várias estradas, principalmente nas províncias de Toledo (centro), Sevilha (sul), Múrcia (sudeste) e Girona (nordeste).
O porto de Málaga, no sul, informou pelas redes sociais que seus acessos também foram bloqueados.
"Há um acúmulo de circunstâncias que nos obrigam a ir às ruas", afirmou um produtor de cereais à AFPTV, citando, entre os motivos, "a burocracia excessiva que nos consome muitos recursos" e "os preços baixos" pelos quais precisam vender seus produtos.
"O campo tem de sair" para protestar, acrescentou esse agricultor, que não quis dar seu nome.
A mensagem é semelhante ao que foi anunciado pelos três principais sindicatos agrícolas da Espanha, Asaja, Coag e UPA, que não participaram da mobilização nesta terça-feira, mas convocaram outras manifestações para os próximos dias.
Representantes dos três sindicatos, que criticam uma política europeia complexa, leis excessivamente restritivas e uma concorrência considerada desleal devido à entrada de produtos estrangeiros, se reuniram na sexta-feira, 2, com o ministro da Agricultura, Luis Planas.
O ministro se comprometeu a "trabalhar" para resolver a crise no setor.
O encontro, entretanto, não acalmou os ânimos, e os sindicatos mantiveram a convocação para os protestos — similares aos realizados pelos agricultores de outros países europeus.
"Este governo entende as preocupações do setor, assumimos responsabilidades e, desde o primeiro minuto, trabalhamos de mãos dadas com eles", disse a porta-voz do governo de esquerda, Pilar Alegría, em uma coletiva de imprensa na terça-feira.
Segundo Alegría, 140 mil agricultores se beneficiarão de uma ajuda de € 270 milhões (R$ 1,4 bilhão) concedida pelo governo.
Momentos antes, a ministra da Transição Ecológica, Teresa Ribera, afirmou à rádio pública RNE que o governo é "enormemente empático" aos agricultores, que enfrentam "fardos burocráticos" e uma seca histórica.
"É necessário modular os objetivos de sustentabilidade europeus, a chamada Europa Verde, ao ritmo que o setor primário na Europa pede", avaliou a ministra socialista, que, no entanto, criticou "a manipulação" política de preocupação com o setor.
O partido de extrema direita Vox, o terceiro mais forte no Parlamento, é muito crítico ao Pacto Verde europeu, que inclui medidas de transição ecológica no setor agrícola, e o acusa de querer "destruir" a agricultura na península ibérica.
A Espanha, frequentemente descrita como a "horta da Europa", é o principal exportador europeu de frutas e hortaliças. No entanto, o setor agrícola espanhol enfrenta dificuldades, principalmente devido à seca que assola o país nos últimos três anos.