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Açúcar ainda tem espaço para subir com déficit até 2022, diz TRS

Segundo análises, a quantidade de açúcar bruto disponível para exportação ficará aquém da demanda de importação mundial ao longo da temporada que começa em outubro

 (Mauro Zafalon/Folhapress)

(Mauro Zafalon/Folhapress)

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Bloomberg

Publicado em 13 de maio de 2021 às 21h34.

Última atualização em 14 de maio de 2021 às 02h32.

 Isis Almeida, da Bloomberg

O rali global do açúcar ainda tem fôlego para mais ganhos, pois o déficit da commodity deve persistir no próximo ano, de acordo com a Tropical Research Services.

A quantidade de açúcar bruto disponível para exportação ficará aquém da demanda de importação mundial ao longo da temporada que começa em outubro, segundo a empresa de pesquisa de soft commodities com sede em Wilton, Connecticut. A escassez atingirá o pico no quarto trimestre deste ano - em mais de um milhão de toneladas -, mas persistirá em menor grau até setembro de 2022.

Os futuros do açúcar acumulam alta de cerca de 15% em Nova York este ano devido ao clima seco que reduz a produção no Brasil, maior produtor mundial. Atender à demanda global exigirá que a Índia, segunda maior produtora, novamente aprove subsídios à exportação, ou que os preços subam ainda mais para garantir que as usinas optem por produzir açúcar para exportação, disse Luciana Torrezan, chefe global de pesquisa de açúcar e etanol de cana da TRS.

“Os saldos do fluxo de comércio mostram déficit porque o açúcar está na Índia, os maiores estoques estão na Índia”, disse Torrezan, que já trabalhou para a Bunge, uma das maiores tradings mundiais de commodities agrícolas. “A função do mercado seria tirar esse açúcar da Índia, seja por meio de mais subsídios do governo ou por meio de um preço alto o suficiente para que possam exportar.”

Tradings de açúcar geralmente calculam os saldos de oferta e demanda com a diferença entre produção e consumo e observando a relação estoques/uso. Embora esse nível esteja em 47%, em linha com a média de 10 anos, como os estoques estão na Índia - onde os preços domésticos são mais elevados do que os internacionais -, os futuros precisam subir ainda mais para aumentar a disponibilidade de açúcar para exportação, disse Torrezan.

Os contratos futuros de açúcar bruto avançaram para 18,25 centavos de dólar por libra-peso esta semana, o maior nível em quatro anos. Os preços a 18 centavos de dólar podem levar a Índia a exportar mais sem subsídio este ano, mas os futuros precisariam chegar a 19 centavos de dólar na próxima temporada se a Índia não aprovar os incentivos à exportação novamente, de acordo com a TRS.

Cana-de-açúcar

A principal região produtora do Brasil deve processar 573 milhões de toneladas de cana e produzir 36,1 milhões de toneladas de açúcar este ano devido ao impacto da seca. Essa previsão é mais alta do que a de outros analistas, embora haja possibilidade de redução, disse Torrezan em entrevista por telefone.

“Se o tempo continuar seco, vemos um risco maior”, disse, acrescentando que o abastecimento do mercado mundial também exigirá que o Brasil priorize o açúcar em detrimento do etanol.

A demanda global por açúcar deve aumentar 1,4% nesta temporada, revertendo a queda de quase 1% há um ano, quando o coronavírus fechou restaurantes, cinemas e estádios. O consumo pode aumentar 1,1% na próxima temporada, impulsionado pelo maior ritmo de vacinação.

“O maior risco que vemos para a demanda é a Índia”, disse Torrezan. “Mas, no geral, a oferta é a maior preocupação. Já temos um déficit de comércio e vemos mais riscos para as safras do Brasil, Rússia e Europa.”

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