Fruit-Titüs, marca brasileira criada por Santiago Barzi quer conquistar o público (Divulgação)
Repórter de agro e macroeconomia
Publicado em 22 de fevereiro de 2025 às 08h00.
Última atualização em 22 de fevereiro de 2025 às 09h11.
Não é brigadeiro nem pão de queijo, mas o empreendedor Santiago Barzi quer transformar frutas congeladas banhadas em chocolate em uma paixão nacional. Com essa aposta, ele lançou a Fruit-Titüs, marca brasileira que busca conquistar o público. Segundo Barzi, o setor de frutas banhadas em chocolate deve movimentar 10 mil toneladas por ano em 2032, com preço médio de R$ 240 por quilo. Sua estratégia é capturar 20% desse mercado.
“A categoria já existe no mundo, mas só agora começa a ganhar força no Brasil”, afirma Barzi. A ideia surgiu após o empresário participar da introdução do segmento no país em 2023, com a chegada da argentina Franuí. “Percebemos que há um grande potencial, porque é um produto que equilibra indulgência e saudabilidade”, diz ele.
A entrada no mercado de frutas no Brasil faz sentido, afirma Barzi. O país é o terceiro maior produtor de frutas do mundo, com uma produção estimada em 43 bilhões de toneladas e 2,5 milhões de hectares plantados, segundo o dado mais recente da Associação Brasileira dos Produtores Exportadores de Frutas e Derivados (Abrafrutas).
A ideia de lançar uma marca nacional de frutas banhadas em chocolate veio após a passagem do empreendedor pela operação da Franuí no Brasil. Com o fim da parceria, Barzi viu a oportunidade de consolidar a categoria localmente.
“O mercado tem regiões mal exploradas e demanda reprimida”, afirma. O plano é levar os produtos para todo o Sul e Sudeste no primeiro semestre e expandir para as principais capitais do Nordeste no segundo. Sem revelar os valores investidos, o empresário destaca que todos os custos foram cobertos com recursos próprios.
O principal concorrente da Fruit-Titüs no Brasil é a Franuí, distribuída por importadores locais, sem operação própria no país. Além dela, outras marcas começam a disputar esse segmento, como Berry Bytes e Carinat. “O mercado está crescendo e sabemos que novos players americanos e europeus devem chegar nos próximos anos”, diz Barzi.
Para ganhar espaço, a empresa aposta na diversificação dos canais de venda, indo além do varejo tradicional. Inicialmente, os produtos da Fruit-Titüs estarão disponíveis em aplicativos de entrega, como iFood Express, Rappi Turbo e Daki, em São Paulo.
“Queremos estar em lojas de conveniência, cinemas e food service. Isso aumenta a visibilidade e facilita o acesso do consumidor ao produto”, diz o empresário. Em breve, a distribuição dos produtos também deve ser anunciada em grandes redes de supermercados.
No digital, a Fruit-Titüs investirá em microinfluenciadores e conta com uma parceria com a PlayNest, do grupo Play9, especializada na criação e escalabilidade de conteúdo digital para marcas.
A diferenciação também passa pelo portfólio de produtos. Atualmente, a marca trabalha com morango, uva e framboesa, e prepara o lançamento de uma nova fruta nos próximos meses. “Estamos desenvolvendo novas coberturas, como iogurte grego e doce de leite, para atrair diferentes públicos”, diz Barzi.
A produção da Fruit-Titüs é realizada em parceria com a mineira Easyice, fabricante de sorvetes artesanais em Belo Horizonte. Já o chocolate que cobre as frutas da marca é fornecido pela Dengo, chocolateria brasileira fundada por Guilherme Leal, criador da Natura.
Segundo Barzi, a parceria com a Dengo reforça o compromisso da Fruit-Titüs com a produção local — até o momento, já foram utilizadas seis toneladas de chocolate da marca na fabricação dos produtos.
“O chocolate se destacou em testes cegos e, além disso, a Dengo tem valores alinhados aos nossos, como sustentabilidade e transparência”, afirma o empresário. O nome Fruit-Titüs (pronunciado fru-ti-tus) vem do latim e significa frutífero, simbolizando, para o fundador, a colheita positiva de esforços e parcerias colaborativas.
Mesmo com a sinergia entre as marcas, Barzi destaca que a disparada no preço do cacau no mercado internacional preocupa. Nos últimos 12 meses, a commodity acumulou uma alta de 189%, segundo estimativas da Associação Brasileira da Indústria de Alimentação (Abia).
“A variação do preço do cacau é um grande ponto de atenção para nós”, afirma Barzi. O insumo, que vem registrando aumentos no mercado global, impacta diretamente a produção.
“O custo da matéria-prima vem subindo de forma significativa, o que pressiona toda a cadeia de produção. Precisamos trabalhar com planejamento e buscar alternativas para manter a qualidade sem repassar todo o aumento ao consumidor”, explica.
Além disso, a capacidade produtiva também está no radar da empresa, especialmente diante de intempéries climáticas, como chuva ou calor excessivo.
“Trabalhar com frutas exige um padrão que nem sempre é fácil de manter. Morangos podem variar de tamanho e sabor, por exemplo. Estamos aprimorando nossos processos para garantir consistência”, conclui Barzi.